As notícias dos últimos dois dias me deixaram meio down. Ontem o The New York Times publicou uma notícia sobre o jornalista Mr. Tissainayagam, editor do North Eastern Monthly, que está preso cumprindo uma setença de 20 anos, acusado de publicar notícias que favoreceram o grupo rebelde Tamil Tigers. E a notícia aponta que não é só ele que está nessa situação, havendo outros que estão na mira.
Hoje, duas notícias: a primeira, publicada no El País e disponibilizada pela UOL, sobre a ação do governo venezuelano de processar cidadãos que queiram protestar contra o regime. Segundo a notícia,
"Desde 2007, pelo menos 300 estudantes foram detidos por participar de manifestações contra o fechamento do canal privado Radio Caracas Televisión e contra a reforma constitucional proposta por Chávez para estabelecer sua reeleição indefinida; desde então, 256 deles devem se apresentar a um juiz periodicamente e estão proibidos de sair do país".
"Tanto o presidente Chávez como a promotora Ortega criticaram o sindicato dos jornalistas, que também protesta contra as crescentes ameaças à liberdade de expressão na Venezuela. Há duas semanas 12 jornalistas foram agredidos com paus e pedras por um grupo de chavistas quando distribuíam panfletos no centro de Caracas contra um dos artigos da nova Lei de Educação, que estabelece o fechamento imediato de meios de comunicação que divulguem conteúdos que gerem "terror" nas crianças."
Logo que li, postei a seguinte idéia no meu Twitter, @gilporto: "Que linha tênue estabeleceu a Venezuela para si... Vive entre democracia e ditadura... Liberdade de protesto dá cadeia....".
A segunda notícia, do The New York Times, traduzida pela UOL, apontava para o furor em torno da burca na França. Segundo o que percebemos na notícia, Andre Gerin, um legislador do Partido Comunista e prefeito de Venissieux, um subúrbio de Lyon, posicionou-se de forma arbitrária e preconceituosa e acrescentou:
"A burca é a ponta do iceberg", disse Gerin. "O islamismo realmente nos ameaça." Em uma carta ao governo, ele escreveu: "É hora de assumir uma posição a respeito dessa questão que envolve milhares de cidadãos que estão preocupados ao ver mulheres totalmente cobertas com véu, aprisionadas".
"Poucos dias depois, o presidente Nicolas Sarkozy disse que "a burca não é bem-vinda no território da República Francesa". Ele não disse como transformá-la em indesejada, ou se pretendia estender as leis existentes que já proíbem lenços de cabeça ou quaisquer outros símbolos religiosos nas escolas públicas."
M'hammed Henniche é o secretário da União das Associações Muçulmanas de Seine-Saint-Denis, uma federação de organizações não-governamentais. Ele é acima de tudo francês, ele disse, e está atônito. "Não há nada exceto confusão", ele disse. "Eles estão falando a respeito da nicab, mas eu acho que o uso da palavra burca em seu lugar não é por acaso. Eles escolheram uma palavra que está associada ao Afeganistão, e isso espalha uma imagem negativa, assustadora."
Essas três notícias me deixam assustado e atento: estamos vivenciando questões limítrofes e basilares. O direito a voz, o direito a posicionamento público, o direito a ser (independente de posição religiosa) são elementos importantes do discurso que chamamos de democrático.
Abraham Lincoln certa vez disse: "Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes" e, talvez essa seja a situação geral. Estamos silenciados face à supressão de direitos individuais. Não tem como não pensar na frase de Martin Luther King: "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons". O silêncio da sociedade está ensurdecedor e isso maltrata a consciência e o resto de humanidade que vemos a nossa volta.
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