Nick Harkaway escreveu para o Guardian.co.uk uma matéria que dá muito em que pensar. Sob o título Google Books deal forces us to rethink copyright, Harkaway problematiza a existência do Google Books. Não é que ele desconsidere a proposta, mas, como mesmo enfatiza, o método utilizado pela empresa parece não ser bom. Como assim?
Ele não discute a questão do lucro envolvido com as propagandas que são a força motriz do Google, mas com a transferência para a empresa e seus bancos de dados de "um vasto catálogo da cultura e da literatura em um grande número de línguas". A preocupação de Harkaway é com a identidade e a história escrita que são aglutinados nesse "único" banco de dados. Daí, porque ele afirme que precisamos discutir seriamente a questão dos direitos autorais sobre todo esse catálogo cultural mundial.
Ele aponta uma realidade triste: diariamente perdemos histórias e as leis de direitos autorais são "incapazes de lidar com a cópia digital e visualização, e com a qualidade internacional da Internet". Ele acrescenta algo que achei interessante e que não havia ainda pensando na questão de direitos autorais: "Nós precisamos decidir quem é dono de nosso DNA individual, e se é legítimo que uma entidade, faça valer a propriedade [...] porque é decodificado".
Em sua matéria, ele cita ainda um engenheiro do Google que, aparentemente, teria feito a seguinte colocação:
Nós não estamos digitalização todos os livros para serem lidos por pessoas. Estamos pesquisando-os para serem lidos por [nossa] AI.
Daí ele conclui:
Em outras palavras, este é um novo uso: o livro está sendo usado como um conjunto de dados para melhorar o motor de busca do Google e, possivelmente, aumentar a sua compreensão da linguagem natural. Assim como você esperaria ser pago pelo uso de seu trabalho, em fazer um filme, talvez você deve ser pago por sua utilização na criação de software - e olhando para frente, talvez até de AI genuíno.
Que outra fasceta do direito autoral surge aqui? A da responsabilidade coletiva de criação de uma "inteligência artificial" de uso global, mas que é ela mesma um negócio formal, que movimenta imensas cifras financeiras e, que em breve, pode ser a "dona de um catálogo cultural mundial". É temos um outro problema a pensar para a comunicação. O que acha você?
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