Essa é uma boa questão. Em tempos de tecnologia avançada, as experiências e aplicações se tornam cada vez mais amplas e, óbvio, o jornalismo não poderia escapar a essas experiências. É o que o Mashable Tech noticiou e problematizou, no artigo intitulado Can robots run the news?

No artigo, Sarah Kessler, escritora freelance para o periódico, destacou a experiência feita pela Medill School of Journalism e  McCormick School of Engineering da Northwestern University, que consiste em criar um "robô" que produz notícias esportivas. Esse projeto foi chamado de Stats Monkey e, disponibiliza automaticamente notícias sobre eventos esportivos, com título "criativo" e até foto.

Como funciona esse "robô jornalista"? O sistema é baseado em duas tecnologias, uma eminentemente estatística, onde os modelos probabilísticos são cruzados com as pontuações dos jogos e, a outra, uma biblioteca de arcos narrativos que descrevem as principais dinâmicas de jogos. O sistema "decide"  qual  o caminho narrativo a ser seguido, os componentes principais da história do jogo e,  o sistema colocá-os juntos em uma forma coesa e convincente.

É claro que existem limites a ação desses programas criados, como reforça Kessler. Mas não podemos esquecer que a tecnologia tem superado muitos limites nas últimas décadas e, com o avanço das chamadas "inteligências artificiais" muito ainda veremos de inovação. 

Será esse o fim do jornalismo? Dificilmente. Mas com certeza será o fim do modelo de jornalismo que conhecemos, onde se reproduz simplemente uma "fórmula ou receita" de como fazer, e não se gasta tempo de qualidade na construção cognitiva de uma produção intelectual. Vamos ver o que as redações preferem.

Se desejar ler outros artigos sobre a temática, seguem algumas sugestões:
L'ère des robots-journalistes Le Monde, March 9, 2010
Program Creates Computer-Generated Sports Stories NPR's All Things Considered, January 10, 2010
The Rise of Machine-Written Journalism - Wired.co.uk, 12/16/2009
US university Coding future of News - AFP 12/15/2009
A twist on broadcast journalism and sports writing - LA Times, 11/27/2009

2 Responses so far.

  1. Minha formação não é jornalismo, mas acredito que criatividade seja uma das coisas mais interessantes ao escrever uma matéria ( principalmente sobre esporte ). Criatividade é uma coisa que pode ser apenas "emulada" nos cérebros de silício: um enorme banco de dados, cálculos estatísticos e um pouco de aleatoriedade ( que na computação pode ser configurado por um range finito de dados ), podem fazer algo parecer criativo. Robôs-jornalistas seriam interessantes para temperar uma discussão sobre quais serão os finalistas numa Copa do Mundo ou quais as chances de determinado evento acontecer de verdade.
    Em resumo, acredito que a criatividade emulada eletronicamente vai acabar sendo uma extensão dos cérebros/habilidade dos jornalistas. Se bem que 100Bi de neurônios são um concorrente e tanto para o silício e cia.

  2. Tércio, esse parece ser um dos caminhos que se desenham para o futuro da área. Penso que, mesmo com toda a tecnologia e desenvolvimento, ainda teremos espaço para os profissionais "humanos" dentro dos espaços laborais. Um abraço e continue a participar, Gilson

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