O clichê básico diz que vamos bem. Mas não é o que mostram estudos realizados fora do Brasil. Em um mapa nada convencional aos padrões visuais que estamos acostumados, o sítio Worldmapper, bolou uma apresentação fora do comum, tendo por base a produção de artigos de pesquisa no mundo.

Os dados utilizados são de 2001, com base em artigos científicos que abrangem as grandes áreas da física, biologia, química, matemática, medicina clínica, pesquisa biomédica, engenharia, tecnologia e ciências da terra e do espaço. Ele está reproduzido a seguir:




Diferente? É como seria a visualização, se o critério fosse pesquisa científica. O sítio aponta que
[...] o número de artigos científicos publicados pelos pesquisadores nos Estados Unidos foi três vezes mais do que foram publicados pela segunda maior população de publicação, o Japão. Há mais de investigação científica, ou da publicação dos resultados, nos territórios mais ricos. Este viés de localização, é tal que, cerca de três vezes mais artigos científicos por pessoa, são publicados na Europa Ocidental, América do Norte e do Japão, do que em qualquer outra região.
Assustador?  Mais do que isso: é uma constatação visual de que engatinhamos na produção científica. Se pensarmos no continente africano, a situação ainda é pior.  Como andam as produções aqui no Brasil? Uma consulta rápida ao portal do CNPq mostra:




Os dados revelam um esforço das áreas na produção de conhecimento. Mas ainda é pouco se comparado com outros países. E a razão fica muitas vezes pela falta de visão da importância dos pesquisadores. Por exemplo, em uma matéria publicada na revista Ciência Hoje, de Portugal, afirmou que "a Europa precisa de mais meio milhão de investigadores". E acrescentou um dado importante:
O comissário europeu para a Ciência e Investigação, Janez Potocnik, deu números concretos sobre a situação [em Portugal]: "em cada mil trabalhadores, apenas cinco são investigadores, nível inferior ao dos Estados Unidos da América, que está próximo dos nove, e ao do Japão, que se aproxima dos 10".
"Hoje só temos entre cinco a cinco e meio investigadores por mil trabalhadores da população activa, enquanto nas grandes economias que competem com a UE esses números situam-se em cerca de oito", acrescentou Mariano Gago. 

E aqui no Brasil? Qual a nossa proporção de pesquisadores por habitante? Não consegui acessar um informação mais concreta, para indicar números. Se alguém souber como fazer isso, por favor, indique nos comentários. Mas, colhendo informações na web, encontrei uma pista no Jornal da Propriedade Intelectual, que apresentou dados de 2006-7:
O Brasil foi considerado o pior país em desenvolvimento tecnológico de toda América Latina, no terceiro trimestre de 2006. A constatação é do levantamento "Indicador da Sociedade da Informação", realizado em parceria com a everis e a escola espanhola de pós-graduação vinculada à Universidade de Navarra (IESE). O estudo analisa o uso da Tecnologia da Informação em setores como educação, estratégias empresarias, oportunidades de negócio e desenvolvimento social. Com 3,93 pontos na avaliação, o Brasil registrou a pior posição no estudo pelo quinto semestre consecutivo.  Ainda que tenha tido aumento de 0,7% em relação ao ano anterior, o resultado não é suficiente para que o país deixasse a lanterna do ranking.
[...] Na América Latina como um todo, o Indicador da Sociedade da Informação chegou a 4,33 pontos, valor mais elevado registrado nos últimos sete anos. O Chile teve o melhor resultado, ficando com 5,59 pontos, enquanto Argentina e México estão no segundo e no terceiro lugares com 4,52 pontos e 4,31 pontos, respectivamente.
 É claro que, esses dados não se referem exclusivamente a pesquisa científica e, nem nós ousaríamos querer comparar dados estatísticos de fontes e metodologias diferenciadas. Mas, de forma ilustrativa, esses dados causam preocupação e indefinições sobre o futuro tecnológico e científico do Brasil, no contexto da América Latina e no mundo.


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