Quando se usa a palavra ecossistema, dificilmente pensamos em algo que não seja a natureza, florestas e árvores. Nos acostumamos a utilizar essa palavra com esse significado. Porém, ela já ganha contornos diferenciados que modifica o significado.

Steven Johnson propõe a utilização dessa palavra voltada para o jornalismo. Ele defende que o espaço da notícia é como um verdadeiro ecossistema. Isso se dá pela diversificação, complexidade e interligação presente no espaço de criação da notícia. Se pensarmos bem, faz muito sentido, já que as interligações (links, feeds, etc.) presentes na internet, são quase infinitas. E aí, é bom fazermos uma ressalva: entendemos que a "infinitude" da internet é ainda um conceito abstrato, que consolida-se, na medida em que, a tecnologia de armazenamento permite espaços nunca antes imaginados. A internet, comparada a um "cérebro virtual" está consolidando sua rede neural, suas conexões sinápticas.

Para Johnson, o mais importante "não é futuro da indústria da notícia, ou o negócio do jornal impresso, mas o futuro da notícia em si". Por que essa preocupação? Basicamente, por causa dos discursos "truncados" quando falamos em futuro do jornalismo, que beira muitas vezes à falácia. Para o autor,
[...] há realmente dois cenários piores que nos preocupam agora, e é importante distinguir entre eles. Primeiro, há o pânico de que os jornais vão desaparecer como empresas. E, depois, há o pânico de que as informações cruciais vão desaparecer com eles, que nós vamos sofrer culturalmente, porque os jornais não serão, por muito tempo, capazes de gerar as informações que temos invocado por tantos anos.
A angústia de não saber que rumo tomar, ou antes, a agonia de tentar sobreviver, face à crise, tem levado empresas jornalísticas a atacar os blogs e as redes sociais. Esses se tornaram os "vilões", os emissários  e 'culpados' pela crise do modelo jornalístico. Essa ingênua falácia, cria preconceito. O preconceito tenta desacreditar. Vimos isso recentemente no Brasil, pela campanha do Estadão contra os blogueiros. Longe de ter bons resultados, ampliou apenas o abismo de colaboração.

Nesse ecossistema jornalístico, os blogs já ganharam espaço. A era do papel e do jornal impresso ainda não acabou, mas os sinais de desgaste são evidentes. Como ressalta o autor:
[...] o novo ecossistema do jornalismo de investigação está em sua infância. Existem dezenas de projetos interessantes sendo encabeçados por pessoas muito inteligentes, algumas delas sem fins lucrativos,  outras para alguns fins lucrativos. Mas elas são mudas.
Mudas? Embriões do quê? De um novo modelo de jornalismo. Um jornalismo híbrido, em que participam empresas jornalísticas, fundações sem fins lucrativos e blogueiros empreendedores. Esse é o novo modelo, ou pelo menos, é o que aparenta para Johnson. Ele afirma que esse ecossistema se parecerá com a figura a seguir:



Nesse ecossistema jornalístico, a produção de notícias não será exclusiva dos jornalistas, mas será o resultado de uma mescla de novos atores no espaço noticioso. É interessante a presença de um processo partilhado de edição (curadoria), onde haveria a presença de editores profissionais, mas não exclusivamente.

Comentando sobre essa proposta de Johnson, de um ecossistema jornalístico híbrido, Tim Kastelle escreveu no blog Innovation Leandership Network afirmou:

Parte da inovação, que nós estamos procurando, é como podemos criar uma combinação dessas funções em um único modelo, que vai ter alguma combinação de conteúdo livre, junto com um mecanismo de geração de renda. Porque eu continuo dizendo, em geral, as funções que parecem fazer o dinheiro ,neste tipo de sistemas, são agregação e filtragem - por isso, eu ainda acho, que o caminho para construir um modelo desse tipo de negócio é incluir uma ou ambas as funções.
 Já para Mindy McAdams, jornalista que atua na área de ensino, o gráfico de Johnson,
[...]  tenta representar o ambiente de notícia como ela é agora, sem se inclinar em direção a um modelo idealista, que não corresponde à realidade. O que eu não concordo é, com as setas de um caminho  único - tudo neste modelo tem fluxos em dois sentidos agora.
Seja qual for o futuro, com ou sem empresas jornalísticas (arrisco a dizer que elas existirão em outros formatos), com ou sem papel, algo é certo: a internet será um dos atores mais importantes nessa construção da notícia, assim como o é nesse começo de século XXI.

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