Durante o período de formação inicial na Universidade e/ou faculdade, quase todo estudante, já sonhou em fazer jornalismo investigativo. Porém, a medida em que mais conhece as áreas e as especificidades inerentes à elas, percebe que a fasceta do jornalismo investigativo é complexa e, muitas vezes, perigosa. Não raro, poucos acabam escolhendo esse campo como seu metiê de labuta diária.
Esses poucos, aqui no Brasil e no exterior, acabam por se tornar referência na área. É o caso de Don Ray, que é produtor, escritor, autor, jornalista e conferencista. Esse começou a carreira de jornalista de televisão com a equipe de investigação na antiga KNBC-TV, agora NBC4, em Burbank (Califórnia), nos idos de 1978. De lá para cá, participou produzindo reportagens tais como: a história da investigação de abuso infantil de Michael Jackson, o especial da NBC sobre Michael Jackson, entrevistas para o documentário "One Six Right" (2004), dentre outras. Atualmente é documentarista independente.
Ele escreveu para o Media Helping Media, especializado em jornalismo, o que chamou de "10 dicas jornalísticas para investigar a corrupção". Segundo Ray, o jornalista investigativo, deveria estar atento:
Essas são dicas valiosas de quem tem experiência para partilhar e, com competência vivencial.1. Abordagem ascendente: Essencial para identificar os resultados da corrupção e, de forma rápida para os níveis superiores - "as provas são sempre visíveis ao nível da rua".
2. Mapeando a geometria da corrupção e da influência: A corrupção, sempre envolve mais de uma pessoa, ou um ponto ou uma linha simples, entre duas entidades. Compreender o fluxo da corrupção, influência e extorsão exige o mapeamento dos triângulos, trapézios, pentágonos, etc, de relações entre as partes.
3.Desenvolver e proteger fontes essenciais: Eles estão lá fora, desejando encontrar alguém de confiança para suas informações. O jornalista tem que aprender que o processo de sedução envolve a criação de confiança no nível máximo, um ambiente fértil de verificação factual e, uma compreensão das recompensas intrínsecas que exigem as fontes.
4. Determinar a moeda da influência: Por mais sofisticadas que sejam as leis e sua aplicação, mais sofisticadas são os veículos de suborno. É dinheiro que raramente muda de mãos. O jornalista deve aprender a seguir as trilhas da propriedade, promoção, proteção, privilégio, suborno e emprego (mesmo de familiares distantes!).
5. Documentar a fuga de "papel": Os registros públicos são essenciais, mas sozinhos eles raramente mapeam o quadro completo. Eles são um princípio essencial. Eles podem fornecer sutis indícios reveladores de outros documentos, ou de pessoas que podem preencher os espaços em branco.
6. Obstáculos internos: O jornalista, independente do país, vai encontrar uma certa resistência dentro de seu próprio estabelecimento de comunicação. Infelizmente, os proprietários e gerentes de jornais e rádio / televisão e redes "estão à margem do crime organizado e à corrupção", ou são "portadores de cartão de jogadores". Estas situações exigem grande atenção e delicado planejamento.
7. Atenção nos registros: Mais do que qualquer outra área que trabalha com relatórios, as investigações de corrupção exigem verificação interminável e cruzamento de dados. Repórteres são alvos fáceis dos funcionários e agentes que estão empenhados na utilização, manipulação ou na desacreditação do trabalho jornalístico.
8.Unindo-se aos aliados confiáveis: Existem inúmeras maneiras de "escutas" em investigações existentes, e parcerias com grupos ou indivíduos, que já tenham obtido informação valiosa. A Internet oferece a jornalista uma rede mundial de peritos e de aliados em potencial. Além disso, existem as organizações locais que você encontrará, que já estão investigando as pessoas e instituições.
9. Lidar com as ameaças e retaliações: Esta não é uma linha de trabalho para todos. O jornalista deve sempre estar ciente de como eles e seus familiares são vulneráveis. É essencial saber como responder de forma rápida e direta à ameaças - sem jogar a toalha, ou imediatamente, se esconder.
10. Fazendo a história relevante para os leitores e telespectadores: Os repórteres, tendem a querer escrever sobre a elite, para a elite. As histórias devem, naturalmente, "dar atenção para os que estão em cima", mas elas devem abordar as vítimas e os possíveis cúmplices em todos os níveis. No final, as histórias devem ser sobre as pessoas e, elas devem poder "pintar retratos dos resultados", muitas vezes invisível.
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