Foi publicado pela Columbia University um estudo que analisa estratégias para a reconstrução do jornalismo nos Estados Unidos. O relatório intitulado The Reconstruction of American Journalism é assinado por Michael Schudson, vice-presidente do The Washington Post e professor da Arizona State University e por Leonard Downie Jr, professor de jornalismo da Columbia University . A dica foi dada pelo Blog do GJOL.
O relatório expressa bem a situação de crise que os jornais passam, reconhecendo já de saída, que a base tradicional de manutenção econômica das edições, a publicidade, está em colapso. Para os autores do relatório, a crise de receitas não afeta apenas os jornais impressos, mas também os noticiários da televisão aberta. Mas, pelo menos, algo é positivo para eles: os jornais e os noticiários não vão desaparecer, mas serão reinventados pela evolução do mundo digital. Eles atribuem um papel duplo a internet: tornou possível novos espaços jornalísticos, mas prejudicou o apoio do mercado tradicional ao jornalismo impresso.
Como eles percebem a "saída" dessa constatação? Bem, eles fazem seis recomendações, no mínimo, bem polêmicas:
1. Controle do Congresso de organizações de notícias independentes, que deveriam ser criadas ou convertidas em entidades sem fins lucrativos ou com baixo lucro, para servir ao interesse público, independente de seu "mix financeiro", com patrocínio comercial e publicitário, permitindo explicitamemte o investimento de fundações filantrópicas nessas novas organizações híbridas;
2. Filântropos, fundações e fundações comunitárias devem aumentar substancialmente o seu apoio a organizações de notícias que têm demonstrado um compromisso substancial com os assuntos públicos e prestação de contas;
3. O público do rádio e da televisão devem ser substancialmente reorientados para fornecer informações importantes à imprensa local em cada comunidade, servidas por estações públicas e seus sites. Isso exige uma ação urgente e reforma da Corporation for Public Broadcasting, bem como um aumento do financiamento e do apoio do Congresso para a comunicação pública;
4. Universidades, tanto públicas como privadas, deverão tornar-se fontes locais de sujeitos especializados, além de notícias e prestação de contas, como parte de sua missão educacional. Elas devem explorar as suas próprias organizações jornalísticas, sendo plataformas de acolhimento de notícias sem fins lucrativos e de organizações de jornalismo investigativo e, ser laboratórios para a inovação digital na captação e partilha de notícias e informações.
5. Um fundo nacional de notícia deve ser criado com o dinheiro do Federal Communications Commission, que poderia ser coletado dos usuários de telecomunicações, televisão e de radiodifusão sonora licenciados ou prestadores de serviços de internet, administrados por conselhos locais de notícias.
6. Mais deve ser feito por jornalistas, organizações sem fins lucrativos e governos para aumentar a acessibilidade e a utilidade das informações coletadas pelo público em âmbito federal, estadual e local, facilitando a captação e difusão da informação pública por parte dos cidadãos, ampliando o reconhecimento público das muitas fontes.
É, as propostas são fora do "convencional", para um país capitalista. Retiram da mão de poucos o poder da informação e fragmenta em pequenas comunidades. Mas, a situação é muito mais complexa do que aparenta e, por mais que essas recomendações forneçam um caminho, vão enfrentar muitas críticas. De fato, mal o relatório tornou-se público, David Carr, William Carleton, Dan Gillmor e Jeff Jarvis, criticaram as posições assumidas.
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