Castello Branco e outros generais: início ou fim?
No Brasil, o dia 1º de abril é lembrado como o dia da mentira. Mas também é uma data importante para a nova história brasileira. É o dia em que se deu, efetivamente, o início da Ditadura Militar no Brasil.

Durante décadas, a história oficial apontou, durante o chamado "Regime de Responsabilidade", que a revolução social ocorreu em 31 de março de 1964, daí porque ontem fiz um post sobre a data.

A nova história brasileira contesta isso, e aponta que o golpe militar de 1964 ocorreu na madrugada do dia 1º de abril. Mas como explicar ou mesmo associar um evento dessa proporção ao dia da mentira? Melhor seria dar um "jeitinho brasileiro" nessa história. E foi o feito.

Negou-se durante o período militar a verdade clara: como uma mentira, obrigou-se uma sociedade democrática a se tornar a sociedade de uns poucos e, ainda por cima, sob o peso do fuzil. Nasci sob a égide do fuzil, ainda no governo do general Garrastazu Médici, passando pelos governos dos generais Ernesto Geisel e João Figueiredo. Eram tempos silenciosos em minha casa, em que o medo do "outro", da delação, era uma realidade.

Enquanto o discurso oficial pregava o progresso e o slogan "Brasil: ame-o ou deixe-o", colegas da Faculdade de Filosofia e Letras do Ceará eram amordaçados ou simplesmente sumiam (seja porque fugiam ou mesmo porque não eram mais vistos). E isso se repetiu em vários cantos do Brasil. Com um pequena pesquisa na internet, você encontrará sítios que apontam para centenas de desaparecidos nesse período. Todos esses negados pela história oficial.

Em meus tempos de Ensino Fundamental (antigo 1º grau), por me considerarem um aluno "tranquilo" fui obrigado a fazer parte do "famoso" Centro Cívico, sem direito a contestação ou mesmo negação. Era um "privilégio" que não podia ser declinado. E qual a atividade? Suprir a carência de professores no chamado turmo intermediário (ou como era chamado, o turmo da fome) que começava as 11:30 h e ía até às 14:30 h. Dava aulas de matemática para alunos da 1ª série. Nesse tempo eu estava na 4ª série. Era o milagre desse desenvolvimento social nacional! De menino-aluno virei menino-professor pela simples escolha do regime.

Dias de repressão ostensiva
Quando cresci mais um pouco e comecei a contestar, opondo-me a prestar continência e a cantar o hino nacional diariamente em nossa escola (que era obrigatório em todas as escolas durente o regime), constatemente era retirado da fila e levado para um longo sermão com as freiras, padres e professores na escola.

Não cheguei a sofrer punições maiores, apesar de ser desacreditado entre colegas de sala por ser levado diariamente para a direção na frente de todos. Mas até hoje não sei porque meu pai teve de trocar-me de escola ao final do ano letivo (não sei se por pedido da escola, por não renovarem minha matrícula ou por medo, já que o silêncio necessário não era contestado).

O que sei ao certo é que o Regime de Responsabilidade deflagrado oficialmente no dia 31 de março nunca existiu de fato. Foi um Regime Militar, fruto de um Golpe Militar em um 1º de abril de 1964 e, como todo 1º de abril, trouxe descaradamente uma mentira social. Forçados, amordaçados, humilhados e mortos, eis o saldo desse 1º de abril de 1964.

Vamos refletir para não permitir que isso ocorra novamente. Nos vídeos a seguir, análises sóbrias sobre o período são feitas.


Educação na Ditadura: A marca da Repressão - parte 1


Educação na Ditadura: A marca da Repressão - parte 2


Análise do período militar - Boris Fausto


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