Foto: Paulo Miguens |
Roy Greenslade, professor de jornalismo da City University (Londres) e ex-editor do Daily Mirror (1990-91), escreveu para o Guardian.co.uk um artigo intitulado "Photojournalism is dead - agency boss laments the passing of an era", onde aponta as observações feitas por Neil Burgess, ex-chefe da Network Photographers, sobre o fim do fotojornalismo.
Para Burgess, citado por Greenslade,
Devemos parar de falar sobre fotojornalistas completamente. Além de alguns 'velhos dinossauros', cujos contratos são tão longos e estão tão perto da aposentadoria, que é mais barato mantê-los, há poucos fotógrafos sendo financiados por organizações jornalísticas para atuarem como repórteres. Alguns são mantidos para fornecer "ilustração" e o trabalho visual decorativo, mas simplesmente não há jornalismo visual ou reportagem a ser apoiados por organizações de notícias. Sete fotógrafos baseados na Inglaterra ganharam prêmios na competição deste ano do World Press Photo e nenhum deles foi financiado por uma organização britânica de notícias. Mas este não é um problema apenas do Reino Unido. Observe o Time e a Newsweek, elas são uma piada... Mesmo elas, têm apenas alguns grandes nomes do fotojornalismo em seus cabeçalhos, mas quando foi a última vez que você viu uma foto de ensaio de algum significado nestas revistas?
Essa não é uma situação nova. Pelas bandas de cá, o fotojornalismo também parece não está sendo uma prática muito incentivada nos meios formativos. Concordo com Burgess que falta mais financiamento para a melhoria e ampliação do espaço laboral. Mas também, tenho de reconhecer a realidade "nua e crua" que ele mesmo transformou em indagação na reportagem de Greenslade: "[...] o que aconteceu com os caras que produzem histórias, que abordam questões ao invés de eventos? Jornais e revistas não querem empregá-los mais".
Triste constatação! O espaço laboral jornalístico mudou. Já não basta uma máquina na mão para se ter garantia de trabalho, nem mesmo uma boa foto, já que ser "freelancer" não enche barriga sempre. E aqui temos um genuíno problema: mas mudou para o quê? O que devemos esperar do futuro do fotojornalismo? Ele ainda "tem" futuro?
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