Foto: Andreas Rentz
Negativista? Fatalista? Controverso? Essas seriam possíveis palavras a serem ditas sobre Jeff Jarvis, blogueiro, jornalista e professor na Universidade Cidade de Nova York. Em entrevista ao El País.com, Jarvis afirmou que talvez seja tarde demais para os grandes jornais reverem suas estruturas e competir com os jornais online emergentes. 

Jarvis aponta que a dinamicidade dos pequenos veículos online facilitam os processos e, produzem resultados com baixos ou nenhum custo. Na entrevista, ele compara o The Washington Post com o sítio tbd.com, dirigido por Jim Brady. Segundo Jarvis, ambos disputam o espaço da notícia, porém enquanto que o Washington Post o "faz com 745 jornalistas em sua redação", o pequeno e eficaz tdb.com o faz "com duas dezenas de repórteres, construindo uma rede de parceiros e blogueiros e explorando todas as vantagens da economia da Internet". 

Não é de hoje que as críticas de Jarvis vem sobre as grandes empresas da mídia, mas parece um tiro certeiro nessas empresas quando ele aponta para o "calcanhar de Aquiles": os custos de manutenção. Pequenos periódicos online parecem sobreviver a uma possível crise com mais flexibilidade, além de ofertar informações a custos bem baixos ou mesmo gratuitos. Essa é uma receita difícil de superar. 

Outro ponto destacado por Jarvis é a questão do conteúdo online. Para ele, a mediação e seleção de conteúdos são os mais importantes eixos no espaço da internet, já que vivenciamos uma grande abundância de informações. O que é necessário fazer? Jarvis é direto: "ink versus link" (tinta versus link). O que ele quer dizer com isso? Que na "economia do link", é o link que cria valor à medida em que cria novos espaços, já que um conteúdo sem ligações não tem valor.

Esse panorama aponta para o que já indicamos em outras postagens: o ecossistema jornalístico mudou. Muitos apostaram nessa mudança, mas os grandes grupos empresariais desprezaram a web como espaço de noticiabilidade, desprezaram o potencial aglutinador da internet. "Talvez", realmente, "seja tarde demais", como afirmou Jarvis, mas vamos ver o que essas "máquinas" farão para não sucumbir no espaço dos negócios.


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