Parece um paradoxo: o mercado para os novos jornalistas está cada vez mais escasso, mas nunca antes, tantos jovens quiseram adentrar na profissão. É o que apontou Ed Caesar no periódico londrino The Sunday Times, e disponibilizado no TimesOnline. O artigo de Caesar, intitulado "Hold the front page, I want to be on it", aponta para esse aparente paradoxo na profissão de jornalista.
No artigo, Caesar apontou que para os candidatos a novos jornalistas há a necessidade de talento, sorte, uma fonte alternativa de renda (para sobreviver enquanto a vaga não aparece), uma paciência sem fim, uma disposição otimista e muitas "cotoveladas", mas o essencial, é "certamente a tenacidade".
Obviamente Caesar olha para um mercado saturado, não muito diferente de mutis lugares no nosso imenso país, onde os egressos de cursos de comunicação/jornalismo, disputam a "unhas e dentes" um espaço de trabalho, que pelo menos, tenha alguma remuneração por seu trabalho.
Uma observação de Caesar é interessante:
These are the signs of an industry at a strange moment. Hordes of young people still want to become journalists; there are fewer opportunities than ever for them to do so. It is no secret that what used to be called the “print media” has been economically straitened. But just as belts are tightened and we are attempting to map our future in the internet age, the legions of graduates keep coming — arts degrees and journalism diplomas in hand — to join the party. Are they, by attempting to start their journalism careers in 2010, making what the hero of Joseph O’Neill’s Netherland calls “a historic mistake”? Is their situation “pre-apocalyptic, like the last citizens of Pompeii… or merely near-apocalyptic, like that of the cold-war inhabitants of New York, London, Washington and, for that matter, Moscow”.
Pompeii or Moscow? Paywalls or free content? iPad or Kindle? Nobody knows for sure but that has not stopped my boss and many others making large bets on the outcome. But if aspiring print journalists can, in spite of this uncertainty, suffer the indignity of working for free, in order to gain the opportunity to work for low wages, in order to write or edit a meaningful story at some point for decent, if unspectacular, money — if they can brook all this and succeed — they will need tenacity.
Será que estamos cometendo um "erro histórico" ao não prepararmos os jovens para o desemprego? Digo isso, porque esquecemos que existe uma imensa diferença entre trabalho e emprego. Com a redefinição da noção de "mundo do trabalho", nos anos 1990, o trabalho desvinculou-se do emprego. Explico melhor: o trabalho enquanto exercício da "força produtiva", esse o temos a todo instante, mas o o emprego, a "força de trabalho com estabilidade e direitos", é algo cada vez mais raro e difícil. Principalmente no jornalismo, onde por mais veículos editoriais emergentes, a prática do sub-emprego ainda é uma realidade massacrante. Caesar reconhece isso quando aponta para os "baixos salários" que o jornalista londrino, em início de carreira, tem de 'se prestar' até conseguir uma boa história (ou furo!).
Vale fazer uma leitura cuidadosa do texto de Ed Caesar, pois apesar de estar em uma realidade de "além mar", é muito próxima ao que vivenciamos nas "bandas de cá" do Novo Mundo.
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