Quando se fala em avaliar quem, por obrigação e ofício avalia, torna-se uma assunto complexo. Não apenas isso, mas problemático, já que se espera que o avaliador tenha as competências as quais ele avalia.
A formação e docência em comunicação é repleta dessas competências, mas a avaliação é quase inexistente. Fala-se muito em avaliar o aluno e quase nada em avaliar o docente/profissional. E, mesmo quando isso parece "ocorre", é motivo para uma "quase revolução" dentro dos espaços acadêmicos.
Um recente evento intitulado "A Universidade e os Índices Nacionais e Internacionais", realizado em São Paulo nos dias 24 e 25 de maio, teve a participação de Herman Voorwald, secretário da Educação do Estado de São Paulo e conselheiro da Fapesp, além de professores e representantes da Unesp, da USP, da Unicamp, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), da Uerj e da Capes. O objetivo do encontro foi discutir os diversos índices - nacionais e internacionais - adotados para avaliar as universidades, sua produção acadêmica e seus docentes.
Um desses critérios avaliativos é o Índice de Xangai. Esse índice, que tem um nome bem maior - Academic Ranking of World Universities (ARWU) - foi criado em 2003 por um grupo da Universidade Shangai Jiao Tong, na China, e é utilizado para classificar as universidades em todo o mundo pela produção acadêmica. Outros índices também são amplamente utilizados, tais como o Webometrics (Espanha), o Ecole Nationale Supérieure de Mines de Paris (França) e o Times Higher Education - THE (Reino Unido).
No encontro realizado, a conferência de abertura foi proferida pelo geógrafo francês Hervé Thèry, pesquisador do Centro de Pesquisa e de Documentação sobre a América Latina (Credal), que apresentou e problematizou o Índice Xangai.
Segundo a Agência FAPESP,
[...] os mapas apresentados por Thèry, as universidades com as melhores classificações no índice se concentram nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, sendo a Universidade de Harvard a primeira da lista. Embora cada indicador tivesse seu critério de avaliação, o professor focou principalmente no ARWU para nortear sua pesquisa. Na sua apresentação, Thèry destacou que a posição de liderança obtida por essas universidades tem como itens de maior peso na avaliação a quantidade de artigos publicados e de citações em revistas "de maior peso" como Nature e Science e o número de professores e ex-alunos agraciados com o Prêmio Nobel ou com a Medalha Fields (concedida pela União Internacional de Matemática).Embora pesquisadores brasileiros tenham estudos publicados em revistas de alto fator de impacto, o País não figura entre as 100 maiores no mapeamento feito pelo pesquisador francês. "Uma barreira para que o Brasil alcance uma posição de destaque está na ausência de laureados com Nobel ou a Medalha Fields", disse.
Esse é um problema sério, mas não pode ser superado pela política da produção apenas. É claro que avaliar a produção acadêmica é essencial. Mas é preciso mais. É imprescindível que novas práticas de pesquisa e publicação sejam incentivadas desde a formação no âmbito da graduação e não esperar que isso ocorra "por força da lei" na pós-graduação stricto sensu. Superar esse discurso excludente, de que pesquisador é apenas o com formação em âmbito doutoral, pode ser um dos pontapés iniciais para a transformação. E é claro que a avaliação dos participantes passa por isso.
Com informações do JC-Email.
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