Gustavo Martín Garzo, escritor espanhol, publicou um artigo interessante intitulado Elogio de la prensa impresa, no jornal El País (Espanha).
Nele, Garzo tenta "recuperar" um pouco do significado que o jornal impresso tinha na sociedade. É o típico esforço de trazer da memória sentimentos associados ao hábito de ler, que aqui no Brasil, foi tido como "um obituário do jornalismo impresso".
Bem verdade que, todo o esforço saudosista de nossa memória, pode ser tido como um obituário de um passado já há muito esquecido, mas é também o reflexo de uma "experiência dos sentidos". É um pouco o que vejo nesse texto de Garzo: uma reminiscência de um outro jornal, de um outro jornalismo. É como ele afirma:
Bons jornalistas são como aquele professor. Eles passam a noite trancados em suas composições, para que possamos ver ao levantar a imagem do local onde vivem. Ajudam-nos a compreender e ter um olhar atento e crítico sobre ele. Ou seja, transformam nosso mundo em palavras, que é o mesmo que dizer uma figura de nossos pensamentos.O texto é repleto de comparações e lembranças. Lembra-nos de um outro jornalismo, mais romântico (pode até ser chamado de pieguice!), mais ativo na vida social. Era uma outra época, uma época que fica na memória.
Os jornais têm continuado a exercer este trabalho desde a sua fundação. Assim, o mundo real, em que estamos, são transportados por outro mundo que é o verbal, esse território dos nossos pensamentos e nossas memórias. Por trás desse esforço, há incontáveis noites sem dormir.
[...] Miguel Delibes disse que a missão do escritor foi a chamada de voz, e é exatamente isso que fazem os jornais, ligar todas as manhãs, as palavras que precisamos para avançar.
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