Um debate realizado na semana, no programa The Brian Lehrer Show, reacendeu a discussão sobre a utilização do Twitter como meio de divulgação de notícias. Um resumo da discussão foi apresentado no  EditorsWeblog.org. Como debatedores, estavam Paul Carr, autor do artigo NSFW: After Fort Hood, another example of how 'citizen journalists' can't handle the truth publicado em  TechCrunch e Jeff Jarvis, professor e jornalista.

O artigo de Carr, apresentava uma discussão sobre o tiroteio ocorrido em Fort Hood, Texas, quando um soldado americano, o Major Nidal Malik, abriu fogo contra outros soldados aquartelados.

A crítica apresentada por Carr, consistia na ausência de informações iniciais "confiáveis" sobre o ocorrido. Essas informações não vieram por meio da mídia tradicional, nem  por meio de especialistas ou blogs militares, mas sim por uma conta de Twitter. É que Tearah Moore, um soldado de Linden (Michigan), que estava em Fort Hood na ocasião, vez vários tweets sobre o que se passava no interior do forte, inclusive divulgando uma foto de um soldado ferido (que estava no endereço http://twitpic.com/oejh5 e foi retirada). Rapidamente a foto e as notícias do Twitter se espalharam na rede como a  "informação mais qualificada". Problema? A princípio, seria uma informação de uma fonte ocular, como tantas outras que já circularam pelo Twitter, mas era "mentira ou boato" (ou pelo menos, não era o que estava descrito).

Com isso, críticas ao uso do Twitter ecoaram nos meios tradicionais.  Jarvis, entusiático do jornalismo cidadão, veio em defesa do uso das mídias sociais e, apontou que essas deram uma grande contribuição na divulgação e fortalecimento do jornalismo. É claro, que Jarvis não é partidário da utilização de qualquer informação indiscriminadamente. Ele defende a utilização das técnicas jornalísticas (averiguação da veracidade, confirmação de fontes, etc.), aplicadas as mídias sociais.

O embate dos dois, no programa de Brian Lehrer, consistia na defesa de Carr de "quem faz tweets, não o faz para si mesmo e seus amigos, mas para o mundo" e que exige que "quem escreve tweets, o saiba fazer corretamente". Já Jarvis, defendeu a própria postura do que é jornalismo cidadão. Ele disse
[...] o jornalismo cidadão é uma estrutura diferente, em que as testemunhas podem compartilhar o que vêem, e que vai mudar a notícia. Costumava ser, que a notícia não acontecia até o repórter chegar lá ... e publicar as fontes. Agora, isso confunde os jornalistas, porque a história começa antes de os jornalistas chegarem. O que os jornalistas precisam se perguntar, é como adicionar o jornalismo a estas informações já existentes. [...] a notícia não é um produto,  é um processo. 
Pensando nos dois posicionamentos, não é possível dizer que ambos sejam antagônicos ou mesmo que um seja melhor do que o outro. Realmente, o uso do Twitter - um uso dado pelos próprios usuários - mudou. Não é mais o simples "estou em casa", "estou na escola" ou mesmo "fui ao cinema ver o filme do...", é um espaço de informação individual e, quanto maior a exposição do autor, maior será a credibilidade atribuída ao que se está veiculando em 140 caracteres. Mas também, não podemos nos dar ao luxo de obrigar a todos a repensarem um espaço - o Twitter - que surgiu sem regras, a assumirem o "seu espaço", como espaço coletivo.

É aqui que o argumento de Jarvis é bem interessante: "os jornalistas precisam se perguntar, é como adicionar o jornalismo a estas informações já existentes". Antes de publicar ou mesmo citar - e isso é uma regra simples que aprendemos na formação universitária - confirmem-se as fontes! Foi um equívoco da mídia publicar e dar crédito, sem verificar e investigar. E aqui, volta-se a um antigo problema: vou perder o furo?

Se quiser ouvir o programa de Lehrer:




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