Desculpem-me o trocadilho, mas é o que está em minha mente desde que retornei do I Seminário Nacional de Ensino de Jornalismo, promovido pela Rede Procad, em Florianópolis. O evento tinha como foco discutir ensino de jornalismo em tempos de convergência e, entre uma e outra apresentação, discutíamos o que os colegas haviam expressado e defendido.

Em um desses momentos, o colega Gerson Martins, prof. da UFMS, que sentava ao meu lado na “mesa redonda“, falou sobre a falta de cuidado que os acadêmicos de jornalismo tem com suas produções e, especialmente com o que escrevem, principalmente no Twitter. Martins expressava a falta de cuidado com o que era expresso, como se não houvesse repercussão, já que pelos contatos, uma pseudo-história podia se transformar em “fato”. Brinquei na hora: uma ciberfofoca!

Rabisquei em meu caderno, uma questão que gostaria de pensar alto: pode credibilidade ser transmitida por um tweet? Também por um tweet posso passar uma autoimagem? Essas são duas questões que não me saíam da cabeça e, no avião, resolvi ‘ensaiar essa idéia’.

O trocadilho que intitula essa postagem é uma referência ao que meu pai dizia sempre: “Diga-me com quem andas, que direi que és!”. Era muito usado para passar o velho “sabão” quando eu fazia alguma asneira. E olha que adolescente faz muitas. Pior é que não me recordo delas! Pena. Dariam boas reflexões.

Bem, voltemos. Pode credibilidade ser transmitida por um tweet? Penso que sim. Principalmente se você, enquanto produtor/criador de notícias o faz. Imagine alguém com centenas de seguidores, twittar uma notícia duvidosa. Se for a “Candinha” (como chamávamos na adolescência quem fofocava), tudo bem, era conversa sem muito significado. Eram ‘estórias’ sem muita credibilidade. Agora imagine um profissional da informação twittar uma ‘meia-verdade’ (se é que tem metade!). Seus seguidores, que o repercutem, o fazem por pensar que esse tem o que dizer. Que o que é dito é uma fato. Tem fundamento e, portanto, é seguro do ponto de vista da informação. Ao retransmitirem, pensam fazê-lo com seriedade.

É esse cuidado com o que postamos no “mundo digital” que precisamos reforçar nos processos formativos. Não estou sendo chato, nem preciosista. É um cuidado com a própria imagem do futuro profissional que pode ficar em risco. Daí, a segunda questão: também por um tweet posso passar uma autoimagem? É claro! Se meus tweets são sempre recheados de trivialidades, que tipo de imagem passo? Tenho um colega que sigo no Twitter, prof. Teske (peço licença a ele, por citá-lo), que sempre envia mensagens sobre a situação política no Tocantins, com comentários sóbrios e claros, mesmo em 140 caracteres. O que ele me transmite? A palavra à mente é engajamento. E, por conhecê-lo profissionalmente, seus comentários são respeitados por mim. Essa é sua autoimagem profissional transmitida por meio de seus tweets.

Daí a minha defesa pela utilização do Twitter como ferramenta jornalística. Como fonte, se a autoimagem do possuidor for sensata e segura. Está aqui também porque tenho seguido tão poucos no Twitter. Esses poucos, tem muito a dizer. O tempo diário de trocas significativas é cada vez mais reduzido entre nossos pares na academia. A distância (eu na região norte e outros tantos espalhados pelo Brasil e fora dele) ainda as torna mais difíceis. Dessa forma, o Twitter tem sido uma “fonte” de troca com muitos desses colegas que sugerem caminhos, pistas de idéias a construir, encruzilhadas, caos, dentre tantas outras possibilidades.

É claro que compreendo, e não estou sendo ingênuo ao defender isso, que esse não foi o uso original da ferramenta. Nós, os profissionais da área (seja educação ou comunicação) estamos “forçando a barra”, como diria Gibson, “criando os usos”, e é nesse constante refazer, que nós encontramos e desencontramos, construindo e desconstruindo. Por isso, antes de produzir um tweet, tenha certeza do que queres dizer/compartilhar. Muitos o ‘escutam’ e, principalmente, o avaliam profissionalmente por isso. Por isso, também, não sou favorável ao bloqueio do acesso ao que se escreve. Sou, antes, favorável a responsabilidade pela escrita.

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