Uma reflexão divulgada por Allan D. Mutter, professor na Graduate School of Journalism da Universidade da Califórnia em Berkeley, revela algo que bem poucos discutem: a necessidade de se criar espaços que retratem a marca do profissional do jornalismo.

Pois é, muito se fala em formação nos espaços universitários, mas pouco se discute em profundidade a importância de se criar marcas que possam ser associadas a um determinado profissional. E não estou falando aqui em jargões repetitivos ou trejeitos que são utilizados como quase um "mantra", mas sim em algo muito mais palpável, que revele a essência do trabalho e da ação do profissional do jornalismo. Alguns vão dizer que “imprimir sua marca” é algo que o profissional do jornalismo faz depois de muitos anos de experiência e, que, dessa forma, não se deve gastar tanto tempo nesse exercício. Pode até ser bem verdade isso, mas um argumento de Mutter, também é real.

Segundo Mutter, cada vez mais, vivemos a escassez de empregos e a proliferação do trabalho freelance. Com isso, mais se exige do profissional do jornalismo. Espera-se que ele tenha algum diferencial. Que diferencial é esse? Uma pós-graduação? Um mestrado ou mesmo um doutorado? É, esses são diferenciais, mas são voltados para o trabalho jornalístico acadêmico. Além disso, a demanda por esse diferencial supera em muito a oferta que as universidades públicas (e particulares) têm oferecido. Além do que, muito colegas não almejam esse tipo de formação.

A proposta de Mutter, em sua reflexão, é perceber quais as lacunas existentes no universo comunicacional local e criar espaços que possam divulgar o trabalho do profissional em sua essência. Ele cita diversos exemplos, como o de Brian Stelter, um estudante de jornalismo, que em 2004 lançou um blog de fofocas sobre televisão intitulado TV Newser, tornando-se leitura obrigatória para os que escreviam sobre o assunto. Resultado? Stelter foi contratado pelo New York Times e se tornou referência nessa área. Também foi o caso de Michelle Lederer, que começou a publicar notícias corporativas, que eram consideradas “frias” e sem o apelo que grandes manchetes trazem, no sítio Footnoted.com. Resultado? Em 2010 ela vendeu o sítio pela módica quantia de 2 bilhões de dólares.

Esses e outros exemplos citados por Mutter reforçam o que todos já sabemos: o profissional do jornalismo, seja impresso, televisivo, radiofônico ou na web, precisa se mostrar mais, ser mais visível. Para isso, criar espaços públicos, de partilha, não é luxo ou “defesa de uma ideologia”, mas é parte das competências profissionais necessárias do ecossistema jornalístico. E não vale aqui a desculpa de que a falta de tempo não permite!

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