O estudo Doutores 2010: estudo da demografia da base técnico-científica brasileira, disponível para download, foi realizado pelo Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). A dica foi dada pelo blog do GJOL.

Segundo os coordenadores do estudo, Eduardo Baumgratz Viotti, da Universidade de Brasília (UnB)e Rosana Boeninger, da Universidade de Campinas (UNICAMP), trata-se de um importante estudo para a área. De fato, esse estudo clarifica a situação e desenvolvimento das áreas no período de 1996 a 2008. Agrega, dessa forma, valor ao conhecimento e nos impõe mais necessidades formativas.

Mas tenho de discordar de algo. Para os autores, o estudo:
[...] é inédito por que gerou e divulga informações nunca antes produzidas ou sistematizadas sobre a população de (mestres e) doutores brasileiros. Também é inédito em seu esforço de utilizar e desenvolver uma metodologia de utilização de inúmeros registros administrativos e ou pesquisas realizadas regularmente pelo IBGE e, com isso, dispensar a realização de pesquisas de campo que seriam dispendiosas e envolveriam as dificuldades inerentes a esse tipo de pesquisas amostrais. Ademais, é original pelo fato, que não será perceptível pela simples consulta destes estudos, de haver desenvolvido um esforço paralelo de construção das bases de um núcleo de articulação interinstitucional e de capacitação técnica que poderá vir a gerar novos trabalhos dessa natureza.
Verdade que esse estudo é inédito por ser "um esforço paralelo de construção das bases de um núcleo de articulação interinstitucional". Mas não é "inédito por que gerou e divulga informações nunca antes produzidas ou sistematizadas sobre a população de (mestres e) doutores brasileiros". Pelo menos, não totalmente inédito.

Um rápida consulta a bibliografia dos autores do estudo, fica evidente o não conhecimento de um estudo anterior, financiado pela CAPES em convênio com a UNESCO, de autoria do professor Jacques Velloso (professor emérito da UnB), realizado com mestres e doutores no país a partir de 1990. O estudo coordenado por Velloso, entrevistou cerca de 3600 mestres e 1800 doutores formados no país, em uma primeira fase, nas áreas de Administração, Agronomia, Bioquímica, Clínica Médica, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Física, Química e Sociologia. E na segunda fase, nas áreas de Direito, Economia, Engenharia Mecânica, Geociências, Odontologia e Psicologia, totalizando 3300 egressos de programas de mestrado e doutorado. O estudo mesclou, em algumas áreas, amostras e universos, nos dando uma visão global da situação de formação pós-graduada.

A pesquisa "A pós-graduação no Brasil: formação e trabalho de mestres e doutores no país", volume I e volume II estão disponíveis para download no Domínio Público do MEC. Sugiro também a leitura do livro "Mestrandos e doutorados no país - trajetórias de formação", organizado por Velloso e Léa Velho (UNICAMP) e os textos disponíveis no SCIELO "Mestres e doutores no país: destinos profissionais e políticas de pós-graduação" e "A pós-graduação no Brasil: formação e trabalho de mestres e doutores no país" para aqueles que querem aprofundar-se na temática.

Com esse adendo, não quero desmerecer o estudo, mas agregar informação. O mestrado que realizei com o professor Velloso, foi nessa área de estudo de egressos de programas de mestrado, nos cursos de Psicologia. Aprendi muito com essa pesquisa quali-quantitativa, principalmente entrevistando os egressos participantes na pesquisa e suas trajetórias profissionais em 10 anos de formação.

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