Retornando do Aeroporto, consultei os blogs que regularmente leio e encontrei um post intitulado "A redação mais cara do mundo", publicado pelo Webmanario, mantido pelo jornalista Alec Duarte. O post trazia um vídeo bem interessante de uma "redação do futuro", que já não é tão distante de nós, como pensamos.

O vídeo foi produzido com o intuito de simular o trabalho realizado pelo NewsPlex.  A NewsPlex é um projeto iniciado em 2000 pela organização WAN-IFRA. Esta organização foi criada pela fusão da World Assocation of Newspapers e a IFRA, a organização de pesquisa e prestação de serviços na indústria dos editores de jornais. A WAN-IFRA, sediada em Paris (França), e em Darmstadt(Alemanha), com sucursais em Singapura, Índia, Espanha, França e Suécia. Representa mais de 18.000 publicações, 15.000 sítios na internet e mais de 3.000 empresas em mais de 120 países.

Daí porque, o vídeo fazer muito sentido. O NewsPlex tem como filosofia "utilizar as possibilidades e potencialidades dos diferentes canais para atingir o público em qualquer lugar, e em determinado momento através da mídia mais adequada". Para tornar isso realidade, a mega-empresa jornalística, criou dois centros de pesquisa e treinamento para as estratégias de redação de jornalismo e mídia convergente, sendo um na Universidade da Carolina do Sul (Estados Unidos) em 2002 e o outro, em Darmstadt (na Alemanha), em 2005. Isso sem contar os consultores contratados na Alemanha, França, E.U.A., Reino Unido, Suécia, Austrália e Áustria. 

Com toda essa mega estrutura, fazer jornalismo convergente é muito 'fácil'. Com 15.000 sítios na internet, um "código robô", vasculha as informações e escolhe as mais "quentes", como se vê em um dos trechos da simulação. Esse modelo, de jornalismo convergente e quase todo "automatizado" já é uma realidade, não para nós aqui no Brasil, mas para quem paga muito bem por esses serviços. Se será a tendência mundial? Provavelmente.

Veja a "redação do futuro" que já existe no presente. A simulação é com uma "crise global" no sistema aéreo.


Um pouco de... "E se..."

Postado por Gilson Pôrto Jr. às 09:51 0 Comments

Gosto muito de um trecho do filme "A Máquina do Tempo" (The Time Machine, 2002), baseado na história escrita por H. G. Wells, que era para fazer parte da abertura, mas acabou sendo cortado. Ele está disponível apenas nos extras do DVD. 

Nesse trecho, existe um diálogo de certa de 5 minutos em que o professor Alexander Hartdegen, interpretado por Guy Pearce, conversa com os alunos sobre o tempo. Eles são interrompidos pelo reitor da Universidade que, após algumas frases e questionamentos sobre os artigos publicados pelo professor em revistas não tão usuais para o meio científico, o critica duramente por seu posicionamento. O professor Hartdegen faz uma belíssima defesa sobre o papel do professor em desenvolver o espírito científico e diz que seu papel centrar é fazer os alunos se questionarem: "E se...".

O reitor, em um ato tipicamente burocrático, responde: "E se... um professor brilhante, resolver jogar fora a sua carreira por continuar a agir assim...". Dá as costas para o professor e o deixa com ar de derrota, que fica meio perdido. De fato, o exercicio do pensar livre, científico e filosófico, para muitos é interpretado como simples devaneios injustificáveis. 

É a sensação que ficamos quando vemos o vídeo Prometeus - a revolução da mídia. Ele é um exercício de futurologia científica, apontando para possibilidades futuras no campo da comunicação e das práticas jornalísticas. Longe de ser um absurdo, já que o mercado é extremanente volátil, é um exercício bem interessante de se pensar: "E se...". Veja o vídeo a seguir, legendado para o português.



A Carta das Responsabilidades Humanas é fruto das discussões amadurecidas nos diferentes grupos de trabalho da Aliança para um Mundo responsável, plural e solidário, movimento social, de caráter internacional e humanístico. Esse movimento surgiu em 1993, com o objetivo de superar a inoperância social frente às crises mundiais, tais como as diferenças abismais entre o hemisfério norte rico e o hemisfério sul pobre, entre homens e mulheres, entre a humanidade e a natureza.

A Carta das Responsabilidades Humanas foi elaborada por 21 membros que representavam 14 regiões do mundo. A carta foi elaborada por meio de um processo interativo, tendo por princípios a unidade de ações e a diversidade de propostas.

Veja a seguir um vídeo sobre algumas questões debatidas pela Carta:



Da Carta das responsabilidades humanas
Enviado por CharteRH. - Temporadas completas e episódios inteiros online


Quando se fala em censura na internet, a tendência é ter posições conflitantes. Alguns acham viável que essas informações sejam disponibilizadas, dentro dos limites da Lei. Já outros defendem arduamente a posição de que a internet é uma "terra sem dono", resguardando-se certas regras básicas de convivência.

É certo que, quaisquer que forem as posições, espera-se que ocorra uma interação entre empresa prestadora de serviços e usuários. É o caso do Google. Entre 1 de julho de 2009 e 31 de dezembro de 2009, o Brasil fez 3663 pedidos de dados ao Google, sendo seguido pelo Estados Unidos (3580) e Reino Unido (1166). Esses pedidos referem-se a remoção de conteúdo (tais como pornografia infantil, conteúdo racial, difamação ou incitação ao ódio) ou a divulgação de dados de usuários (pelas polícias locais e federal).

Segundo o Google, "devido a complexidade dos pedidos, esses dados não se referem a 100% dos efetuados, nem a totalidade dos atendidos". É interessante ver que, dos 3663 pedidos feito pelo Brasil (quer governo, empresas privadas e/ou entidades não-governamentais), apenas 291 figuram como solicitações de remoção, sendo por ordem judicial 21 blogs, 99 perfis de Orkut e 32 vídeos do You Tube.


Mídia digital no Canadá

Postado por Gilson Pôrto Jr. às 08:19 0 Comments

A conectividade dos países é um assunto de interesse de todos que desenvolvem atividades basedas na internet. Essas informações nos ajudam a perceber possíveis tendências e desenvolvimentos do uso das mídias digitais no espaço de criação da informação.

Uma apresentação feita por Bryan Segal, vice-presidente da ComScore, empresa especializada em medição de inteligência digital,  nos dá uma visão geral do que acontece no Canadá. Segundo os dados da empresa, no Canadá a internet tem mais penetração do que em países como Israel, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil. 

O mesmo crescimento é visto, por exemplo, na faixa etária de acesso a internet. Enquanto que as mídias tradicionais tiveram uma queda entre 2001 e 2007, o uso da internet subiu de 24% para 40% entre os na faixa etária de 18 a 24 anos. Crescimento semelhante também é visto nos dados das outras faixas etárias. Outros dados são bem esclarecedores. Veja a apresentação de Segal.



Viajar! Viajar! Viajar! Esse parece um sonho de quase todos os que trabalham. Esse é o sonho partilhado por André Lemos, em seu novo livro Caderno de Viagem: Comunicação Lugares e Tecnologias. 

Trata-se de um diário de viagem pela comunicação, mediada pelas vivências do autor e, muitas delas, partilhadas quase em tempo real em seu blog, o Carnet de Notes.

A dica foi dada pelo Blog do Gjol. Sobre esse livro, Marcos Palacios, coordenador do blog GJOL comenta:
Combinando observações e vivências pessoais com referências de leitura, imagens, comentários sobre tecnologias, idéias, reflexões, o livro é um mosaico construído a partir das vivências de um dos mais importantes teóricos da Cibercultura no panorama brasileiro e internacional.

Confira!

Essa é uma questão bem espinhosa. A Constituição Brasileira de 1988, em seu Art. 5º, inciso IV diz que "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato". Mas, o dito anonimado que é vetado na CF/88, também o é liberado enquanto princípio presente no mesmo art. 5°, inciso XIV que diz que "é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional".

Essa cortina protetora tem sido um problema em muitos casos. De fato, revelar as fontes nem sempre é uma coisa simples. A fonte, quando trata-se de pessoas, tem sempre algo a resguardar: seja sua vida, integridade emocional, honra ou mesmo o cargo que ocupa. É sob essa égide, de proteção, que muitas vezes a informação aparentemente fica comprometida. Uma boa análise a respeito das regras dio anonimato é feito no artigo de Tatiana Cosate.

Lendo o artigo de Clark Hoyt, intitulado "Squandered Trust", escrito para The New York Times do dia 17, último, percebe-se quão difícil é essa questão. No artigo, Hoyt retoma essa questão afirmando que manter-se o anonimato apenas reduz a noticiabilidade a uma situação de marginalidade,  depreciando a informação, além de encobrir-se as reais motivações por trás dela. 

De fato, o NYT em suas regras para uso de fontes confidenciais, afirma desde a muito, que essas seriam reduzidas ao máximo e, em uma entrevista de rotina, o "anonimato não deve ser automático ou mesmo uma condição assumida. Nesse tipo de comunicação, anonimato não deve ser oferecido a uma fonte". Além disso, o NYT deixa claro que, "quando o anonimato é concedido, [...] o compromisso é assumido pelo jornal e, não por um jornalista individual".

Regras interessantes. Penso que vale a pena revermos o que pensamos e declaramos sobre a preservação das fontes, principalmente em ano eleitoral.


A pauta é retomada: criar dois novos estados, Carajás e Tapajós. Essa é uma demanda antiga, que por pressão de várias bancadas, acabou ficando na gaveta. Mas em temporada de eleições, dá um “ibope” positivo retomar essa discussão. 

A proposta é retirar a região sul e sudeste do Pará e a divisa do Estado com o Amazonas, propiciando assim a criação dos dois novos estados no Brasil. Na última quarta-feira, dia 14.04, aprovou-se os requerimentos para votar em regime de urgência os dois projetos prevendo a realização de plebiscito nos municípios envolvidos. Com isso, o sonho de desenvolvimento fica mais perto.

Segundo noticiado no Jornal do Tocantins (JTO), “o plebiscito para Carajás teve 261 votos, 4 a mais do que o mínimo, com 53 votos contrários e 14 abstenções. O projeto de plebiscito para Tapajós, 265 votos, 8 a mais do exigido, 51 contrários e 13 abstenções”. 

É claro que teremos posições de ambos os lados. A reportagem do JTO cita o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP) que “protestou, classificando de “aberração” a proposta de criação dos novos Estados”. Já para deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) a divisão gera desenvolvimento. Segundo o JTO, o deputado apontou que “ o desmembramento de Goiás para dar lugar ao Tocantins resultou, segundo o levantamento, em um crescimento de 155% do PIB no período de 1988 a 2006, para os dois Estados, enquanto o crescimento registrado no País foi de 58% do PIB. Crescimento também foi registrado em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, após a divisão”.

O jornal Diário do Pará, disponibilizou um infográfico que aponta para os custos dessa criação:

Qualquer que sejam os posicionamentos, é certo que retomar essa pauta favorecerá os que levantarem essa bandeira nas eleições que se aproximam.

Fonte: Com dados do Jornal do Tocantins e Diário do Pará.


Essa era uma pergunta que sempre fiz, já que, na maioria dos casos, essa é uma informação ausente nas discussões sobre o trabalho do judiciário (além de extremamente espinhosa!).  Mas parece que isso deixou de ser uma incógnita. O projeto Meritíssimos, desenvolvido pela organização Transparência Brasil, visa criar indicadores de desempenho do judiciário no Brasil. 

O projeto, ainda na fase de piloto, está restrito aos ministros do Supremo Tribunal Federal e limitado a alguns dos muitos indicadores que se podem construir a partir das informações disponíveis. Mas já é possível ter uma idéia do potencial das informações, como as que são vistas a seguir:

Como esses dados são colhidos? Segundo os organizadores do projeto,
Para montar os indicadores, a Transparência Brasil recolheu todos os processos que tramitaram no STF a partir de janeiro de 1997 (o STF passou a publicar o Diário de Justiça Eletrônico a partir de dezembro de 1996). Para manter os indicadores sempre atualizados, todos os dias se faz a coleta de processos referidos no DJE. Uma vez por mês se faz o processamento das ocorrências recolhidas. A última atualização foi feita em 09/04/2010. [...] Isso se faz da mesma forma como se procede na determinação da expectativa de vida de populações, ou do tempo médio entre falhas de equipamentos ou milhares de outros exemplos presentes na vida cotidiana das pessoas – com a importante diferença de que, nesses casos, o cálculo é uma estimativa, ao passo que no Meritíssimos ele é exato, pois inclui todos os processos e não apenas uma amostragem. Verifica-se que as características de desempenho variam bastante conforme o ministro. [...] O foco do projeto são estatísticas relacionadas a cada ministro, em particular os tempos que eles demoram para tomar decisões. Para isso, os processos são categorizados conforme o ramo do Direito (Administrativo, Penal etc.) e a classe processual (Habeas Corpus, Agravos de Instrumento e assim por diante). Nesta fase do projeto, as análises são focalizadas nos tempos decorridos e na estatística de processos finalizados. Também se fazem agregações conforme os estados de origem dos processos.
Está aí um novo espaço para se acompanhar o que é desenvolvido no Judiciário brasileiro.  Para os que atuam na divulgação das informações, esse é um instrumento a mais na produção de notícias.

O Washington Post em parceria com o Centro Woodrow Wilson, abriu 5 (cinco) vagas com bolsas para jornalistas da América Latina. O programa consiste em três semanas em Washington, acompanhando e publicando notícias sobre temas de interesse para seus países, dentro das instalações do Washington Post e o convívio com as equipes de redação do jornal.

O período de inscrição vai até dia 28 de maio, tendo o início do programa previsto para o período de 13 de setembro a 1º de outubro de 2010. Além dos custos de translado e alojamento, há previsão de uma pequena ajuda para despesas semanais. 

Pré-requisitos:
• Ser empregado de um meio de informação impresso (jornais ou revistas) ou eletrônico que publique regularmente material noticioso e opere independentemente de governos, associações empresariais ou grupos de interesse;
• São elegíveis também jornalistas que trabalham como freelancers, desde que mantenham uma relação estável como uma organização que preencha os requisitos do item anterior e tenham nessa atividade suas principal fonte de renda;
• Ter no mínimo quatro anos de experiência profissional em jornalismo;
• Ter um bom domínio do inglês.

Os candidatos devem apresentar:
• Uma proposta de trabalho de no máximo 800 palavras, em inglês, descrevendo de forma clara o projeto de reportagem no qual planeja trabalhar durante o período da bolsa em Washington;
• Currículo, em inglês;
• Três exemplos recentes de trabalhos publicados (não é necessário traduzir para o inglês). Cada texto não deve ter mais do que 1200 palavras;
• Duas cartas de recomendação, ao menos uma de autoria do atual empregador, em inglês ou no idioma do país;
• As cartas de recomendação devem ser enviadas a partir do e-mail do autor ou diretamente para o endereço da seleção. O assunto do e-mail deve ser “Carta de recomendação para(nome candidato="x" do="x")”;
• Uma carta de apresentação com o nome completo, números de telefone e atual cargo do candidato.

As candidaturas podem ser feitas em inglês, espanhol e português. Maiores informações na página do Washington Post.


Está disponível o e-book “Transforming Culture in the Digital Age”, disponibilizado pela Universidade de Tartu (Estónia). O livro é fruto da Conferência Internacional Transformações da Cultura na era Digital, que terminou hoje na Estônia.


O livro traz 56 artigos que representam formas diferenciadas de compreender a cultura e as intersecções possíveis com as tecnologias e a comunicação. Os autores são das mais variadas áreas: museus, bibliotecas e arquivos, artistas, educadores e acadêmicos pesquisando os sujeitos da transformação cultural em todas as disciplinas. O download é obrigatório.Via Jornalismo & Comunicacao (UMinho).

Blogosfera hispana em 2010

Postado por Gilson Pôrto Jr. às 13:06 0 Comments

O sítio espanhol Bitácoras.com disponibilizou uma pesquisa bastante interessante sobre a situação dos blogs nos países hispanos. O estudo intitulado "Informe sobre el estado de la blogosfera hispana Bitacoras.com 2010" apresenta uma visão sobre quem são os blogueiros/usuários e como eles se comportam.

Alguns dados importantes podem ser vistos a seguir:


Outros dados são bastante esclarecedores. Por exemplo, o blogueiro hispano típico é homem, entre 25 e 34 anos, tecla da Espanha, México, Argentina e Chile, escreve em mais de um blog, escreve sobre atualidades, música e curiosidades e, normalmente, o faz no horário da tarde.

Segundo a pesquisa, essas informações apontam para a criação de uma rede importante e um grau de maturidade, mas alertam que:
Uno de los principales indicadores del grado de madurez alcanzado en la blogosfera hispana es el elevado número de redes de blogs, profesionales y amateurs que la integran. Tras analizar sus principales indicadores de actividad, podemos afirmar que existe una relación directa entre volumen de publicación y popularidad de una red de blog. Así mismo, un amplio catálogo de blogs en una red no es sinónimo de alta actualización o popularidad.

A pesquisa completa está disponível para download.


Concurso para assistente no Tocantins

Postado por Gilson Pôrto Jr. às 11:04 0 Comments

A Universidade Federal do Tocantins(UFT) abriu 01 (uma) vaga para professor assistente, regime de 40 h, dedicação exclusiva, para a Faculdade de Jornalismo. As inscrições ocorrem no período compreendido entre 10 horas do dia 19 de abril de 2010 e 22 horas do dia 09 de maio de 2010, observado o horário de Palmas – TO.

Requisitos:
Graduação em Jornalismo ou Graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e Mestrado em Comunicação ou Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas ou
Mestrado em Ciências Humanas ou Mestrado em Mídias.

Área de conhecimento:
1. Planejamento Gráfico;
2. Jornalismo Multimídia;
3. Oficina de Impresso/Online.

Objetos de avaliação:
1. A linguagem jornalística em diferentes meios e suportes;
2. Conceitos e ferramentas de jornalismo online;
3. Impactos e tendências do jornalismo nas mídias digitais;
4. Estrutura de navegação e construção de paginas web;
5. Teorias da imagem aplicadas ao jornalismo;
6. Tendências do jornalismo impresso diário na contemporaneidade;
7. Comunicação visual aplicada ao jornalismo impresso;
8. Gestão da comunicação e o novo perfil profissional do jornalista;
9. Ética e tecnologia aplicadas ao jornalismo;
10. Aspectos textuais e características do jornalismo multimídia.

Mais informações estão disponíveis no Edital nº 052/2010.

Caso queira ver outras vagas disponíveis na área, o blog Monitorando disponibilizou outras dicas sobre concursos em Uberlândia, Natal, Ceará, Santa Maria (RS). 

Já faz algum tempo que vejo a defesa das redes sociais como parte do trabalho jornalístico. De fato, o jornalista pode e partilha, em sua(s) rede(s) social(is), muitas informações úteis e/ou dicas de pauta. Isso fica evidente quando vemos iniciativas como a Muck Rack

Trata-se de agregador de tweets de jornalistas, onde são disponibilizados os tweets de centenas de profissionais. A idéia foi elaborada pela Shawhorse Media, tendo Lee Semel, Gregory Galant, Adam Varga e Taylor Aaron Waldman como seus executores. 

O agregador de tweets traz jornalistas de 38 empresas jornalísticas variadas, tais como  a ABC News, Associated Press, Chicago Tribune, Boston Globe, CNN, New York Times, dentre outras. A proposta é boa e, para se cadastrar no agregador, o jornalista deve ser aprovado pelos curadores da proposta.


Ethan Bloch, co-fundador e CEO da Flowtown, publicou um estudo sobre o uso das redes sociais, intitulado Social Media Demographics: Who’s Using Which Sites?. Nesse trabalho, Bloch apresenta visualmente uma demografia bem interessante, apontando para aspectos de formação, utilização por sexo e faixa etária.

A demografia dessas redes sociais, proposta por Bloch, reforça a idéia de que as redes tem suas bases de usuários em determinados públicos. Pela apresentação visual dessa demografia é possível sabermos, por faixa etária e formação educacional, por exemplo, quais as redes sociais que mais os atraem. Os maiores usuários do Facebook encontram-se, segundo Bloch, entre a faixa etária de 45-54 anos de idade. Já o MySpace, tem sua base de usuários na faixa etária de 0-17 anos de idade.

Veja outros detalhes, clicando na imagem. 






Esse é um dos dados disponibilizado pela apresentação elaborada pela empresa espanhola 101.es, sobre as redes sociais na Espanha. O aumento de 999% no número de usuários do Facebook na Espanha assusta um pouco, mas representa a aproximação com a tecnologia e o impacto que as redes sociais tem sobre os quase 8 milhões de pessoas da Espanha na rede.

Outros dados também são interessantes. Por exemplo, a plataforma de comunicação social Tuenti, tem 35% mais tráfego na Espanha do que o Google, contando com 7 milhões de usuários.

Você poderá ver esses dados no vídeo a seguir e, o melhor, ao final da apresentação são indicados os sítios das fontes. A dica veio do blog catalão Novosmedios.org.





Muitas empresas - e universidades - tem bloqueado as redes sociais dentro do espaço de trabalho com a desculpa que ela consome tempo do trabalhador, destinado as atividades internas.

Esse é um raciocínio curto, já que vivemos em uma sociedade com possibilidades múltiplas de comunicação. Foi esse um dos aspectos citados no artigo "A world of connections", publicado pelo The Economist.

Foi essa também a conclusão que Proof’s B.L. Ochman chegou em um post, bem interessante, intitulado "Five Reasons Why Companies Should Not Block Employee Access to Social Networks". Para ele, a resistência é inútil, já que as tecnologias móveis possibilitam o acesso as mídias sociais, mesmo no horário do expediente.

Ochman apontou cinco razões, baseadas em pesquisas, pelas quais uma empresa deveria permitir o acesso as redes sociais, dentro do horário de trabalho:
1. A resistência é inútil, já que os dispositivos móveis propiciam independência;
2. Não presuma que as pessoas não vão encontrar outras maneiras de perder tempo;
3. As redes sociais podem realmente fazer os trabalhadores mais produtivos;
4. Você vai perder grandes idéias;
5. Os funcionários são muito mais confiáveis do que as empresas pensam.
Essas cinco razões dão um começo interessante para os gestores pensarem sobre as práticas atuais, principalmente dentro da redações. Vale a pena ver os argumentos que Ochman faz sobre cada um dos pontos.


O Internacional Symposium on Online Journalism é um evento realizado pelo programa da Cátedra "Knight em Jornalismo", da UNESCO, mantida na Universidade do Texas, em Austin e coordenado pelo professor Rosental Calmon (foto). Em 2010, o evento ocorrerá nos dias 23 e 24 de abril, próximo.

Os trabalhos aprovados estão disponíveis para download. Alguns são bem interessantes, como o de Chris Anderson, intitulado "Principles of Journalistic Symmetry: Building News Networks Before and After the “Publication” of News", que discute o ecossitema jornalístico face as tecnologias da informação.Outros textos, apontam para experiências de jornalismo online e democracia, em países da Europa, África e Ásia.


Santa Ceia científica

Postado por Gilson Pôrto Jr. às 18:11 6 Comments

Recebi uma indicação bem interessante do colega Tércio Andrade, sobre uma imagem batizada de "a Santa Ceia científica". É isso mesmo: já que a moda é mixar produções, criando novas possibilidades, alguém produziu uma imagem bem interessante, partindo da clássica representação de Leonardo da Vinci.

O quadro original, conhecido mundialmente, partiu do desenho a seguir (disponível na Wikipédia):

Mixando a idéia, a produção da Santa Ceia Científica, fez algumas mudanças bem sugestivas: no centro, colocou-se a figura de Albert Einstein, tendo Carl Sagan a esquerda e Stephen Hawking a direita, bem como figuras destacadas da ciência, como Darwin, Galileu e Newton. Alguns não consegui reconhecer. Se tiverem uma pista sobre as identidades, postem-nas.  De qualquer forma, vale a criatividade da proposta.



Essa não é a primeira vez que fazem uma mixagem com a obra de Leonardo da Vinci. Ela já tinha sido revista nas séries de televisão americana Galáctica e Lost e no filme Guerra nas Estrelas, como vemos a seguir:





Já fazia tempo que piadas surgiam no sentido de como seria a criação de um reality-show com presidentes. Pois é, alguém resolveu fazer isso. E olha que nem precisa estressar com a legalidade, já que no Brasil, apesar de praticado provisoriamente no período de exibição, o Código Civil, em seu art.11, define que os direitos de personalidade - que são contratados pela "emissora" - não poderiam ser disponibilizados pelo indivíduo, pois são intransferíveis, inalienáveis. Imagine a dificuldade diplomática existente se alguém resolvesse colocar em um mesmo espaço "presidentes latino-americanos". Que quiprocó seria!

Mas, na internet e na imaginação, tudo fica mais fácil e, mais cômico. A proposta foi criada por Oswaldo Graziani e  Juan Andrés Ravel, e disponibilizada no blog  El Chigüire Bipolar com o nome "Isla Presidencial", já disponível no YouTube. O material é bem produzido, além de engraçado.A dica foi dada pelo blog do GJol.

Episódio 1


Episódio 2




Para 93,4% dos jornalistas entrevistados que atuam nos jornais impressos, o jornalismo on-line não é uma moda passageira. É o que a pesquisa "A gestão dos recursos humanos nas redacções dos mass média em Portugal", publicado pelo Observatório da Comunicação (OBERCOM), levantou entre 190 jornalistas portugueses nas principais redações. 

Sobre a possibilidade  da substituição da mídia impressa pela on-line, 78,7% dos jornalistas entrevistados discordam dessa ocorrer, já que para 85,4% trata-se de apenas uma forma de "cativar visitantes e anunciantes".

E que dizer da formação? O estudo revelou que 93,1% dos jornalistas entrevistados não tem formação para atuar no campo da internet. Segundo o estudo: 
As razões para a não formação são referidas em mais de metade dos casos  (55,7%) não ter necessidade/interesse em investir em formação nesse domínio (dadas as funções e o nível de exigência na redacção) verificando-se, contudo, uma significativa propensão (44,3%) para a aquisição/desenvolvimento de competências nesta área, com destaque para a especialização em jornalismo para novos suportes Internet, criação de sites e produção de materiais multimédia.

Talvez seja por essas visões sobre a internet, que o estudo tenha concluído:
Conclui-se que as mudanças provocadas pela Internet ao nível das políticas de contratação e de desenvolvimento/mobilidade dos recursos humanos não foram significativas; que a aquisição de competências na área do multimédia, por via da formação e por iniciativa da direcção dos diferentes media, não ocupa um lugar central na política de desenvolvimento dos recursos humanos, não obstante a propensão para a valorização da aquisição de competências neste domínio por parte dos jornalistas. Os resultados indiciam também que as edições on line não constituem uma prioridade em termos de uma gestão de recursos humanos orientada estrategicamente para os seus profissionais e público, e que o aceleramento da concorrência inter-media põe, de certa forma, em causa um modelo de jornalismo vigente até há poucos anos.
 Esse estudo é bem revelador: ou estamos superestimando o uso da internet e dos impactos sobre os jornais e o próprio jornalismo, ou nossos colegas portugueses estão subestimando o impacto da tecnologia nos espaços laborais. Em qual você aposta?


Dieta midiática em transformação

Postado por Gilson Pôrto Jr. às 20:45 0 Comments

Essa é a idéia do estudo intitulado "Tendências e prospectivas: os "novos" jornais", elaborado por Gustavo Cardoso, Jorge Vieira e Sandro Mendonça. O estudo, disponibilizado pelo Observatório da Comunicação (OBERCOM), delinea as tendências e perspectivas sobre o que serão os jornais no futuro. Trata-se de uma uma possibilidade no leque de perspectivas que tem surgido nos últimos meses.

De qualquer forma, os autores aponta a necessidade de se entender as mudanças, no que chamam de "dieta mediática" dos leitores. Para eles:
[...] a proliferação de novos medias fragmentou o tempo dispendido por media. As dietas mediáticas dos consumidores estão, assim, a mudar e, com elas, também os hábitos de procura e consulta de informação. Cada vez mais o consumidor tem liberdade e também quer decidir sobre: quando consumir? Onde consumir? O que consumir? Os jornalistas e gestores devem, assim, interiorizar esses princípios na sua cultura profissional e organizacional e transpor os mesmos para as suas práticas de produção e gestão. (p.15)
Com essas questões em mente, os autores apostam em 10 idéias que podem mudar a prática jornalística nos jornais:
1. Na sociedade de informação os leitores fazem parte do jornal.
2. Se algo não for facilmente acessível ao leitor ele encontrará forma de o obter em qualquer  outro lado e de qualquer outro modo.
3. Os jornais não são de papel – nem apenas de palavras escritas.
4. Os jornais sobreviventes e renovados serão as novas agências noticiosas do século XXI.
5. Os jornais são organizações que servem propósitos económicos e éticos.
6. Os jornais trabalham num território situado entre os dados brutos e o conhecimento refinado.
7. A “marca” de um jornal tem vida para além das páginas.
8. O jornal foi uma rede social antes das redes sociais.
9. Num jornal e no jornalismo há novas profissões a emergir.
10. O jornal de hoje pode bem ter de ser diferente do de ontem.
Vale a pena refletir nos argumentos expostos pelos autores em cada um destes aspectos. A dica veio do blog português Jornalismo & Comunicação, blog coletivo do Projecto Mediascópio (CECS - UMinho).

Chris Lynch, jornalista especializado em tecnologias sociais e web, defendeu em seu sítio, o The Lynch Blog, que o jornalismo mudará drasticamente nos próximos anos

Essa é uma afirmação lógica, já que a crise mundial aponta para a mudança de conceitos. Mas Lynch agrega algo interessante: sua crítica vai também para os formadores, com foco nas escolas, faculdades e/ou universidades de jornalismo.

Para Lynch,
Nos próximos anos, eu acho que a maioria das escolas de jornalismo vai diminuir ou desaparecer. As restantes serão drasticamente diferentes, com os alunos enfocando temas que não dizem respeito à criação de conteúdo. [...] A noção de o jornalista ser um profissional que é apenas um observador objetivo de um tópico, irá desaparecer nos próximos anos. Esta é uma coisa boa, pois era uma fantasia estúpida...
Essa visão de Lynch já é corroborada por outros autores da área de formação, que apontam a necessidade de rever-se as estruturas e métodos. Aliás, outra crítica ferrenha de Lynch: enquanto que a internet está, a mais de uma década consolidada no campo das práticas jornalísticas, as faculdades e/ou universidades ainda ensinam métodos tradicionais, que não fazem sentido no cenário atual.

E aí tenho de concordar com um posicionamento de Lynch: os jornalistas atuais perderam muito do que pareciam ter no passado, o reconhecimento e a credibilidade como intelectuais. "Os jornalistas deixaram de ser especialistas", lembra Lynch, para "relatarem sobre os especialistas".

Suzanne Lainsson, economista e jornalista, comentando sobre essa visão de Lynch, acrescenta algumas idéias:
Essa tem sido minha grande reclamação sobre as escolas de jornalismo. Ao invés de aprender a escrever e a investigar (que deveriam ter aprendido na escola fundamental e média), os estudantes seriam melhor servidos por cursos de história, negócios, economia, ciência, meio ambiente, e assim por diante. Eles precisam saber o suficiente para ser capaz de fazer as perguntas certas.
 Essas visões pragmáticas da formação em jornalismo são questionáveis. De fato, fazem sentido no contexto profissional, onde a maioria dos conteúdos apreendidos são, na maioria das vezes, pouco utilizados. Mas não podemos esquecer: somos a resultante daquilo que aprendemos e vivenciamos. Não seríamos nós, sem nossos olhares inviésados, sem nossas vivências, sem nossas teorias apreendidas. As posições de Lynch e Lainsson são importantes por revelarem demandas à formação universitária, mas não são posicionamentos finais. Muita água deve rolar antes de sabermos (se é que saberemos mesmo!) aonde queremos chegar com a formação em jornalismo.


Uma leitura importante está disponível para download. Trata-se do "Mapa de los centros y programas de formación de comunicadores y periodistas en América Latina y el Caribe", publicado em 2009. 

O mapeamento, realizado pela Federación Latinoamericana de Facultades de Comunicación Social (Felafacs), junto com a UNESCO, mostra um retrato da formação em comunicação e jornalismo nos países da América Latina e Caribe.

Alguns dos aspectos destacados no mapeamento já eram de se esperar, entre esses a questão da heterogeneidade de instituições. Segundo o mapa,
La heterogeneidad caracteriza la calidad de enseñanza en los países de la región, como al interior de ellos mismos. El carácter público o privado de las instituciones de enseñanza tiende a marcar significativamente la calidad de la formación de comunicadores y periodistas. Las universidades públicas parecen mantener el prestigio ganado con los años y a invertir en investigación, aunque en muchos casos se encuentren muy masificadas y en constante crisis; mientras las privadas –sobre todo las que se orientan a la profesionalización– tienden a invertir en equipos e infraestructura, descuidando muchas veces el área académica. En varios países las universidades públicas son las que preferentemente se someten a los sistemas de acreditación; sin embargo, estos sistemas son desiguales en su alcance y naturaleza según países y regiones.
Por outro lado, todas parecem apresentar um mesmo problema, com respeito ao ensino e ao reconhecimento das relações com o mercado de trabalho: 
Llama la atención que resulta poco frecuente que los centros de enseñanza conozcan a cabalidad las demandas del mercado, los intereses académicos de los estudiantes, y que logren actualizar sus planes curriculares acorde a ello. Más bien, lo que pareciera existir es una fuerte competencia entre centros de enseñanza de diversa calidad educativa, preferentemente en los niveles de pregrado y maestrías, ya que resulta escasa la oferta educativa de doctorados en comunicación y periodismo en Latinoamérica.
Esses aspectos e outros apontados em detalhes, podem ser lidos aqui. Trata-se de uma leitura obrigatória para quem está discutindo a temática.


Mundus vult decipi, decipiatur ergo

Postado por Gilson Pôrto Jr. às 10:46 0 Comments

“O mundo quer ser enganado, portanto, que o seja”. Essa é uma máxima existente em muitos espaços, principalmente na academia. E aí precisamos ampliar nossa visão sobre a idéia de engano. Ele está presente na ficção, com seus mitos, suas narrativas criadas e a própria poesia, bem como nos ritos, nas igrejas e nos espaços utilizados pela religião. O “engano” em si, cumpre um papel, que parece naturalizar o estado de angústia do indivíduo, de compensá-lo por sua(s) dificuldade(s) de compreender o espaço que ocupa, bem ao estilo do que Sören Kierkegaard discutiu em “O Desepespero Humano” (1849).

Para Kierkegaard,
a consciência, a consciência interior, é o fator decisivo. Decisivo sempre que se trata do eu. A consciência dá a sua medida. Quanto mais consciência houver, tanto mais eu haverá. Pois que, quanto mais ela cresce, mais cresce a vontade, e haverá tanto mais eu quanto maior for a vontade. Num homem sem vontade, o eu é inexistente. Todavia, quanto maior for a vontade, maior será nele a consciência de si mesmo (Kierkegaard, Ed.Martin Claret, 2002, p.33).
Se o que Kierkegaard falou for considerado para esse século XXI, padecemos gravemente de uma “consciência de si mesmo” e de uma “vontade”. Essa “desumanização” promovida pelo “engano” dita normas e compensa o estado de inércia propositiva que vivenciamos. 

Os espaços acadêmico-formativos, mediado pela comunicação e pelas tecnologias, deveriam desempenhar esse papel. Elas foram "criadas" (ou se criaram!?) com essa expectativa. Porém, expectativa não é certeza. Expectativa é potência, não ato, como reforçaria Aristóteles. A academia, qualquer que a seja – pública ou privada, deveria zelar, em seus processos organizacionais pela criação da “consciência”, demandando a “vontade” potencial de cada indivíduo. 

Infelizmente, essa ausência desumanizante de um “eu” acadêmico, tem gerado engano - volto a dizer, cumprindo um papel, que parece naturalizar o estado de angústia do indivíduo, de compensá-lo por sua(s) dificuldade(s) de compreender o espaço que ocupa. 

E para aonde iremos? Talvez acabemos, os que ainda possuem alguma “consciência de si mesmo”, assim como no romance Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, isolados em pequenos grupos (que podem ser nas próprias universidades!), vivendo de uma memória a muito abandonada e, “ensinando” para uns poucos, bem poucos, assim como Bradbury:
Quero lhe apresentar Jonathan Swift, o autor desse malicioso livro político, As viagens de Gulliver. Esse outro companheiro é Charles Darwin, aqui está Schopenhauer, aquele, Einstein, e este a meu lado é Mr Albert Schweitzer – um filósofo realmente muito simpático. (...) A coisa mais importante que tivemos de meter na cabeça é que nós não éramos importantes, que não devemos ser pedantes: nós não nos sentíamos superiores a ninguém mais neste mundo. Somos nada mais do que as capas empoeiradas dos livros, sem qualquer valor intrínseco. Alguns de nós vivem em cidades pequenas: o capítulo I do Walden, de Thoreau, mora em Green River; o capítulo II, em Millow Farm, no Maine. Há um povoado em Maryland com somente vinte e sete habitantes; nenhuma bomba cairá sobre essa localidade que abriga os ensaios completos de um homem chamado Bertrand Russell. Quase que se pode virar as páginas desse povoado, habitante por habitante (Bradbury, p. 151-3, citado por Gustavo Bernardo, em Pedagogia Fahrenheit).

Como dedicar um livro digital?

Postado por Gilson Pôrto Jr. às 09:15 0 Comments

Essa foi uma das perguntas que Umberto Eco, 78 anos, escritor e semiólogo, fez sobre o futuro dos livros, em face da internet e da cultura da digitalização, publicada no jornal Crítica de la Argentina, de Buenos Aires. Eco é internacionalmente conhecido por obras tais como "O nome da Rosa", "O pêndulo de Foucault", "Como se faz uma tese", entre outras. 

Para Eco, “o livro de papel não desaparecerá” e “o computador é amigo dos livros”. Essas afirmações reforçam a perspectiva positiva de que, essas tecnologias não deviam ser concorrentes, mas complementares no processo de formação de neoleitores.

Eco destacou que a internet permitiu avanços importantes:
“La computadora multiplicó los libros. Hoy nos la pasamos imprimiendo”, afirmó Eco, para luego asegurar que, entre sus ventajas, “la computadora permitió que todos puedan publicar sin pagar, así que arruinó a los editores que cobraban para publicar a los malos poetas” y que también dio nuevos lugares de expresión allí donde hay dictaduras.
Mas também apontou problemas. O primeiro é centrado na questão dos filtros, para Eco a:
[...] “internet es un gran peligro para los libros porque no filtra. La cuestión es saber cuáles son los lugares donde buscar información sobre temas que no son de nuestra competencia. Si tengo que buscar algo sobre Física, no estoy en condiciones de saber qué es serio y qué no. Es un problema, porque la cultura radica en conservar algunas cosas y en dejar pasar otras. Ésa es su fuerza. Así que la materia del mañana en las escuelas será enseñar a filtrar”, explicó.
Outro problema é a durabilidade da mídia digital. Eco afirma:
“Hoy sabemos que un libro de papel dura al menos 600 años, porque lo tenemos. Pero en la actualidad, no tenemos ninguna prueba científica de que lo digital pueda durar. ¿Quién puede garantizar cuál será la duración de un disquete y si lo podremos utilizar en el futuro? El libro de papel se hace y nadie lo puede cambiar”, aseguró Eco, y dijo, en tono jocoso, que otra desventaja es que aún nadie sabe cómo se hará para dedicar un libro digital.
Essas questões apontadas por Umberto Eco são importantes, mas não desmotivam ou desmerecem o potencial que os meios digitais assumiram em nossa sociadade. Lembro-me agora, ao escrever isso, do livro de Thomas Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas, onde ele afirma que, um paradigma dominante existirá até que o último defensor morra, sendo substituído pelo paradigma emergente.

Pensando alto, o paradigma dominante, a impressão de livros em papel existirá por muitas décadas, quem sabe séculos, mas o paradigma emergente, o digital, é uma realidade inconteste. É o futuro que vemos engatinhar no presente.


Jeff Jarvis, em seu blog BuzzMachine, escreveu sobre a "A Bill of Rights in Cyberspace" (Carta de Direitos no Ciberpespaço). Em tempos de censura em algumas partes do mundo e,  a possibilidade  de criar-se um um tratado internacional, que restringe conteúdos, as discussões fazem bem para a defesa da democracia. 

Jarvis faz uma defesa pela liberdade do uso da internet e não a criação de uma constituição,  que regeria as práticas de uso e de divulgação.

Para ele, os princípios dessa carta de direitos, abrangem 9 importantes premissas:

I. Temos o direito de nos conectarmos.
II. Temos o direito de falar.
III. Temos o direito de falar em nossas próprias línguas.
IV. Temos o direito de nos organizar.
V. Temos o direito de agir.
VI. Temos o direito de controlar nossos dados.
VII. Temos o direito à nossa própria identidade.
VIII. O que é público é um bem público.
IX. A internet deve ser construída e operada de forma aberta.

Cada um dessas premissas são explicadas por Jarvis em seu post. Vale a leitura.

O livro (anais) "El periodismo digital desde la perspectiva de la investigación universitaria", resultante do XI Congresso de Periodismo Digital, que aconteceu em Huesca, Espanha, em março último, está disponível para download. 

Todas as comunicações apresentadas no evento estão na íntegra, no livro digital, que traz reflexões de autores da Espanha e México, sobre assuntos variados do jornalismo digital, que envolvem a narratividade, a hipertextualidade, a responsabilidade social dos periódicos digitais, dentre outros.


Está disponível na rede o livro "Do broadcast ao socialcast – Como as redes estão transformando o mundo dos negócios", organizado por Manoel Fernandes.

O livro reúne 14 autores, entre eles Bruno Fiorentini (Yahoo), Caio Túlio Costa (Fac. Casper Líbero), Marcos Souza Aranha (iChimps), Alessandro Barbosa Lima (E-Life), Romeo Busarello (Tecnisa) e Marcelo Coutinho (Ibope/FGV), que discutem a utilização da rede, nos mais variados espaços, além de discutir aspectos de audiência, direitos autorais e convergência. 

Os textos são curtos, mas apresentam exemplos bem atuais que reforçam  as discussões sobre "socialcast". Você poderá fazer o download do livro "Do broadcast ao socialcast – Como as redes estão transformando o mundo dos negócios" aqui.