Não é de hoje que se ouvem comentários sobre possíveis impactos negativos do fim da exigência do diploma de jornalismo para a prática jornalística. Desde o fim dessa exigência, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), muita "água em rolado", isto é, muitas empresas tem esperado para ver o que aconteceria.

De forma coerente com os princípios da qualidade, a grande maioria das indústrias jornalísticas, manteve a exigência da formação superior e das competências formativas necessárias para exercício profissional. É claro que reconhecemos que, muitas dessas competências formativas, não são plenamente desenvolvidas na formação inicial, mas sim agregadas e ressignificadas com o "corpo-a-corpo" da prática profissional.

Porém, alguns gestores de outras empresas de comunicação, pelo que parece, estão interessados apenas em diminuir suas planilhas de custos, já que tem aplicado a "lei" a seu favor. Esse parece ser o caso da companhia telefônica OI. Em notícia divulgada o jornalista Chico Sant'Anna indicou que a OI estava selecionando um gestor para o portal BrTCC News. 

Entre as competências necessárias (conhecimento avançado em Dreamweaver, Photoshop, CorelDRAW, linguagem de programação (domínio em linguagem ASP), Access, Flash, manutenção de Website e edição de vídeos), o selecionado seria "responsável pela publicação de matérias, fotos e desenvolvimento de novas ferramentas para o portal, bem como atualizar os perfis da empresa nas redes sociais, editar vídeos e clipes para ações de comunicação interna". Além disso, o candidato selecionado deveria ainda "ser especializado em Jornalismo, Marketing, Publicidade e Propaganda ou Relações Públicas".

Não há como não perguntar se vão selecionar dois ou mais profissionais, já que, mesmo com conhecimentos superficiais em comunicação, não é possível que um profissional seja tão "multiuso" assim, dominando Jornalismo, Marketing, Publicidade e Propaganda ou Relações Públicas (a menos que ele esteja sentado em frente ao computador consultando o Google!).

Só que a constatação da complexidade dos requisitos, não impede que a empresa jogue o profissionalismo pelo ralo: a exigência de formação do possível candidato selecionado é de ensino médio. O jornalista Sant'Anna conclui sua notícia dizendo:
[...] Ele vai ter que trabalhar de segunda a sexta das 8h às 17h, ou seja, bem além da jornada de trabalho legal de jornalistas, mas em compensação, lhe será oferecido um super salário compreendido na faixa salarial de R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00.
E não há como deixar de perguntar: e a qualidade dos processos? A confiabilidade da informação? A proletarização da mão-de-obra? E essa não será a única. Cada vez que uma grande empresa toma uma atitude assim, transformando e descaracterizando o profissional, outras a seguem, pensando na desoneração de sua folha de pagamento. 

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