Nos últimos tempos tenho me questionado muito sobre as noções que perpassam o ensino e a aprendizagem em jornalismo. Li diversos textos que reforçam muito a noção do ensino de jornalismo, mas a aprendizagem parece ser um assunto desconhecido nos discursos e trabalhos lidos.

Incomoda-me o fato de que, discursivamente, ensino e aprendizagem são vistos quase como processos automáticos e intrínsecos. Explico melhor o incômodo: em educação, já amadurecemos a perspectiva de que ensino e aprendizagem são duas perspectivas distintas, complementares e essenciais, mas não intrínsecas e automáticas. Podemos ter ensino que não gere aprendizagem no sujeito e, aprendizagem que não seja fruto direto do ensino (sistematizado e mantido nas estruturas formativas tradicionais).

Na formação em jornalismo, as leituras me passam uma forte impressão de diagnóstico situacional do emissor. Centram-se as análises, amplamente, na forma como os processos são organizados, mas ainda parece precário estudos que olhem para os processos do receptor, como foco de toda a reflexão do processo formativo.

Aponta-se muito para a reflexão dos atores formativos sobre os graduandos em jornalismo, mas é quase desconhecido o que os próprios pensam sobre seus processos e necessidades formativas. Incomoda-me essa percepção, pois nos sentimos "atores" de um processo que reproduz competências e habilidades necessárias, sob o olhar de especialistas da área.

Mas, "pensando alto" nas leituras feitas em Castoriadis, não deveríamos avançar nos "processos de autoria"? Ao reproduzimos o discurso formativo localmente, esquecemos que o (re)construímos junto e com os graduandos. Dessa forma, somos também autores, com voz e vez. Mas também com processos de escuta. Escuta essa, ainda muito acanhada quando temos de ouvir nossos acadêmicos da área.


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