Nunca é demais saber como anda a "cotação" das tecnologias quanto a sua usabilidade. Foi o que Jane Hart, consultora da The Centre for Learning & Performance, disponibilizou. Trata-se de um Top 100 de mídias sociais e assemelhados.

Como era de se esperar, o Twitter ficou em 1º lugar na pesquisa. É importante entender que, em 2007 o microblogging Twitter ocupava a 43ª posição, subindo em 2008 para a 11ª e, agora em 2009, para o 1º lugar.

Já o Delicious, um serviço de compartilhamento de links favoritos, caiu para o 2º lugar em 2009. Ele vem mantendo a preferência, já que desde 2007 oscila entre 1º e 2º lugares.

Esse Top 100 é um bom guia e termômetro de como andam as diversas ferramentas, úteis na sala de aula e também nas redações. A grande questão é se, de fato, a amostra representa a realidade de usabilidade. Não consegui localizar a metodologia, nem o quantitativo dos pesquisados nesse ranking. Se alguém souber, contribua nos comentários.

De qualquer forma, vale a visualização dos resultados a seguir.




A NewsMeBack, sítio destinado ao jornalismo cidadão, aposta em 10 conselhos para todos os que desejam desenvolver um trabalho como "jornalista cidadão". Os conselhos são relativamente simples, mas não custa lembrar, já que muitas vezes, perdemos uma boa oportunidade de registar uma situação, por falta de atenção.

Seguem os conselhos:

1. Seja realista, não adicione ou subtrai nada por conta própria.Verifique cada aspecto da informação antes de escrever.
2. A notícia está ao seu redor, esperando para ser contada. Se você estiver atento ao que acontece em torno, vai encontrar muitas coisas interessantes a relatar.
3. Escreva a partir do seu ponto de vista. O ângulo pessoal e/ou a sua perspectiva é que faz a diferença.
4. Compartilhe seu trabalho com os outros. Mais pessoas vão vê-lo se você compartilhar.
5. Nenhuma notícia deve ser maquiada, deixe a imaginação para fazer outras coisas. Ninguém gosta de mentiras.
6. Escreva sobre coisas cotidianas. Concentre-se nas notícias da vida diária.
7. Seja descritivo, mas não exagerado. Uma descrição simples é sempre melhor do que um exagero.
8. Seja preciso. Não coloque mais informações do que as informações precisas. As pessoas confiarão no que é dito corretamente e não se decepcionarão.
9. Use a gramática correta. É difícil para as pessoas entenderem o que você quer dizer, se não escrever corretamente.
10. Leve um notebook, laptop, celular, câmera ... Você nunca sabe quando algo interessante pode acontecer.

Simples? Mas é bom não esquecer. A marca do jornalismo cidadão deve ser a seriedade, não a espetacularização da notícia. Seja uma fonte sóbria e confiável.

Se desejar ver em forma de animação, o vídeo a seguir agregar outras idéias as já descritas.




Essa é uma questão que me instiga: quais as competências formativas necessárias para o trabalho jornalístico? Lembro-me, quando eu mesmo passava pela graduação na área, de ouvir professores-jornalistas, falarem sobre a importância de uma formação sólida. Quando indagados sobre essa tal de "formação sólida", que é bem o discurso das diretrizes curriculares nacionais, todos engasgavam e titubeavam muito antes de ensaiar uma pseudo-resposta.

Qualquer que seja a resposta, algo está muito claro: as diretrizes curriculares nacionais para qualquer área não são o fim em si. Explico melhor: elas são referenciais de qualidade, vislumbres do que deveria ser uma formação mínima (esqueça a idéia de currículo mínimo, não é o caso). O problema é que não existe "a formação", mas formações possíveis. Prefiro a palavra no plural e, se houvesse uma forma de ampliar esse plural, o faria.

Nosso espaço formativo é muito fragmentado, o que é bom por um lado, já que permite a eclosão de novas possibilidades criativas de processos formativos. É entre essas diversas formações, algumas difusas (é verdade), surgem possibilidades híbridas de pensamento, que transcendem as tênues linhas da formação em uma determinada área. Daí, porque me atrai muito a idéia - sei que o acento foi retirado, não consigo ver a palavra "idéia" sem o acento - de formação ampla do profissional e não restritiva, fragmentando ainda mais o frágil conhecimento de área.

Dessa forma, penso que o conhecimento amplo da área jornalística, perpassa e é perpassada por muitas áreas do conhecimento. É o caso do planejamento. Ele é o tipo de conhecimento que é comum e as mesmo tempo específico. Veja os vídeos a seguir, disponibilizados por Carlos Vilela, do sítio CHMKT, que dão uma boa idéia das possibilidades do planejamento como competência formativa essencial.



2 from Carlos Vilela on Vimeo.


1 from Carlos Vilela on Vimeo.



Circula em vários sites a reprodução de um texto supostamente (digo isso, pois não consegui encontrar um banco de dados com a cópia fac-símile da edição, quem souber avisa) publicado no jornal português "Jornal do Comércio", de 25 de Fevereiro de 1868, intitulado "O jornalismo no ano 2000".

O texto é muito interessante, pois reflete o sonho de um outro jornalismo, mais engajado (se é que ainda podemos esperar que isso aconteça de fato). Algumas "predições" são interessantes. Por exemplo, a de que o jornal
Daqui a 50 anos, os jornais publicarão uma folha, inteiramente nova, de hora a hora, e, daqui a 100 anos, de minuto a minuto, de instante a instante. Será um moto-contínuo e ainda não satisfará a curiosidade pública. Cada cidadão fará um jornal: o artigo de fundo constará sempre das notícias da sua vida pública e íntima.
Essa idéia, longe de ser a realidade no meio impresso, o é no mundo virtual da web. A cada instante temos centenas de novas informações circulando. Em poucas horas, milhões transitam freneticamente. E que dizer do jornal pessoal, que "constará sempre das notícias da sua vida pública e íntima"? Não serão os blogs, Twitter e outras comunidades sociais a resposta a essa idéia? Bem, leia e tire suas conclusões.

A seguir reproduzo o artigo que circula. Agradeço a Nuno Costa e Gabriel Silva, ambos de Portugal, pela dica.

«O Jornalismo no ano 2000
Considerando no que é hoje, observando as suas tendências, pode conjecturar-se, aproximadamente, o que virá a ser. Um curioso aprofundou esta questão e lisonjeia-se de ter descoberto, com plausibilidade, as condições em que há-de achar-se o jornalismo no ano 2000.


Há fome e sede de notícias: todos querem saber tudo – o que pode e deve saber-se e o que não pode nem deve saber-se -, a máquina reproduz em minutos o pensamento, para ser transmitido a todos os pontos da terra, e já não é só a máquina para estampar o jornal, é também a máquina para compor; inventou-se o tipógrafo-máquina e deve esperar-se, portanto, que venha a idear-se o redactor-máquina.


O jornal é hoje diário e o mais é que chega a reproduzir a mesma folha em duas ou três edições, com alguns aditamentos ou notícias. Isto será atraso e fossilismo no ano 2000. Daqui a 50 anos, os jornais publicarão uma folha, inteiramente nova, de hora a hora, e, daqui a 100 anos, de minuto a minuto, de instante a instante. Será um moto-contínuo e ainda não satisfará a curiosidade pública. Cada cidadão fará um jornal: o artigo de fundo constará sempre das notícias da sua vida pública e íntima.


Como o jornalismo assume tais proporções, talvez se pense que faltará papel, porque é necessário advertir que de cada jornal se tirarão, de minuto a minuto, milhares de folhas; mas a isto há-de ocorrer-se com facilidade, porque, assim como o jornal é instantâneo, instantânea há-de ser a leitura; e o papel vai, minutos depois de lido, para a fábrica, a fim de se reproduzir [...] apenas o superfino será reservado para os brindes aos assinantes, os quais, ao cabo da sua assinatura, já possuirão uma biblioteca de 525 000 volumes, pois tantos são os minutos que tem o ano; já se vê que a cada folha acompanhará um brinde.


O telégrafo eléctrico generalizar-se-á, cada cidadão terá o seu telégrafo em correspondência mútua, de maneira que em um minuto se saberá o que se passa nos pontos mais afastados e, em Lisboa, se poderá saber, de instante a instante, até à vida caseira do mais boçal esquimó; com o que os povos hão-de folgar, deleitar-se e instruir-se.


O jornal caseiro será alheio à política; para esta haverá jornais especialíssimos e os seus redactores nem serão amigos, nem distintos, quando não forem da mesma parcialidade; quando, porém, comungarem na mesma pia (também em 2000 se darão destas), então serão inteligências robustas, caracteres provados… no que forem.


Mas como é de crer que no ano 2000 já exista a paz universal e a união entre todos os homens, acabará a política, os governos governarão sempre conforme… à nossa vontade, portanto, serão inúteis os jornais políticos; não haverá, pois, nem turibulários, nem oposicionistas; todos serão amigos e distintíssimos cavalheiros, unidos no pensamento comum de amarem a sua pátria. Assim seja.»



Letras, palavras, frases, sentenças bem elaboradas... Não faltam possibilidades no fazer jornalístico. Mas achar que esse "fazer" reduz-se apenas a contar uma boa história, é um ledo engano.

O trabalho de escrita jornalística compara-se ao trabalho de historiar. Não é de hoje que digo isso. Já declarei anteriormente que "existe uma linha muito tênue entre história e jornalismo" (Pôrto Jr, Gilson (Org). História do Tempo Presente, Edusc, 2007). O historiador tem seu objeto de cientificidade no tempo passado (não tão distante como normalmente se assume) e, o jornalista, no tempo presente (o ontem, não tão distante, mas também no agora).

É nessa construção passado-presente, que emaram-se palavras, criando histórias de um presente efêmero, que encantam e informam. Mas o trabalho do jornalista e do próprio jornalismo, é mais do que apenas a escrita de uma boa história publicável.  Jeff Javis, que é professor na Universidade de Nova York, aponta para outras possibilidades no trabalho jornalístico. Ele defende o trabalho jornalístico como processo e não apenas como produto

Por que é esse posicionamento importante? Javis argumenta que o trabalho do jornalismo no presente assume diversas possibilidades que vão desde a construção de dados e algoritmos, até escrita em colaboração e o crowdsourcing. Todos esses são vistos por ele enquanto processo.

O contar histórias não. Ele é produto, está acabado. E, nesse aspecto, o escritor de uma história "reinvidica para si o papel de centro da história", de criador e do "tom" que ele deve assumir. É como ele afirma: "contador de histórias está no controle".Não é esse o papel do jornalista? Também o é. Mas não deveria ser apenas esse.

Javis resume bem sua defesa de um jornalismo centrado nos processos e não apenas no produto:

Mas se continuarmos a assumir que o nosso papel é o do contador de histórias, e nos limitar a isso, então corremos o risco de fechar-nos às formas de captação e partilha de informações que não acabem sob a forma de histórias, que não estão organizados dessa forma. Quando nos abrimos, podemos pensar nos jornalistas como catalisadores, como organizadores da comunidade (e não apenas de informação, mas de uma comunidade, com habilidade para organizar as suas próprias informações), como professores, como curadores (como eu poderia passar por isso sem usar a palavra pelo menos uma vez?), como filtros, como fabricantes de ferramentas, como escritores de algoritmos.

Penso que essa defesa de Jarvis, indica bem quais os caminhos, ou melhor, que competências e habilidades devem fazer parte de qualquer  processo de formação. É claro que não descartamos a construção de histórias, mas não podemos reduzir o fazer jornalístico a apenas histórias efêmeras, quando temos pela frente um "rio de possibilidades" nesse século que apenas está começando.